Comparando os resultados das duas seções anteriores, vemos que há uma notável semelhança, do ponto de vista matemático, entre os conceitos de controlabilidade e observabilidade. Tal semelhança, chamada dualidade é evidenciada e definida com precisão no seguinte
Teorema da Dualidade (1):
Sejam os sistemas
y = C . x |
(1)
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w = BT . z |
(2)
|
Então o sub - espaço dos estados de controlabilidade do sistema (1) é idêntico ao sub-espaços dos estados observáveis do sistema (2). E o sub - espaço dos estados observáveis do sistema (1) é idêntico ao sub - espaço dos estados controláveis do sistema (2).
Consequentemente (1) é controlável se só se (2) for observável e vice-versa, ou seja, (1) é observável e vice-versa, ou seja, (1) é observável se só se (2) for controlável.
O conceito de dualidade entre controlabilidade e observabilidade se revela muito útil para a análise de sistemas lineares, como veremos ao longo deste curso.
O 2o tópico desta seção,
decomposição canônica, é precedido pelo seguinte
resultado
Lema 2:
O sistema
= A . x + B . u
y = C . x
é controlável (observável)
se só se o sistema
y = C . Q-1 . |
(6)
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for controlável (observável),
onde Q nxn,
é não-singular.
Além disto, os sub-espaços dos estados controláveis (observáveis) dos sistemas (5) e (6) têm a mesma dimensão.
Voltemos ao sistema (5). Suponha que a sua matriz de controlabilidade, que chamaremos de Pc , tenha posto k.
Seja {p1 , p2 , ... pk} um conjunto de vetores que formam uma base para R[Pc].
Sejam {p k + 1 , p k +
2 , ..., pk} um conjunto de vetores que formam uma base
para o complemento ortogonal de R[Pc], isto é, ,
o qual é o sub - espaço dos estados incontroláveis.
É claro que p1 , p2
, ... pn são l.i. Definamos então
| Q - 1 : = [p k + 1 , p k + 2 , ... pk] |
(8)
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Definamos também
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(9)
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Então, disto e de (8),
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(10)
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Note-se que também temos de (9):
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(11)
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O efeito da transformação
de estado (9) sobre as equações de estado é dado pelo
seguinte teorema.
Teorema 3:
Se a transformação de estado
(9) for aplicada ao sistema
y = C . x |
(12)
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então as equações
de estado resultantes têm a forma
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(13)
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onde o sub-sistema de dimensão k
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(14)
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é (completamente) controlável
por u, enquanto que o sistema de dimensão n - k
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(15)
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é completamente incontrolável.
Os polos do sistema são os auto-valores
de 11,
ditos modos controláveis e os de
22,
ditos modos incontroláveis .
Vejamos um exemplo
De acordo com as equações (13) o sistema pode ser representado pelo seguinte diagrama de blocos:|
|
Isto confirma o que foi visto no exemplo acima. É claro que a parte incontrolável não contribui para a matriz de transferência, uma vez que esta é uma relação entre resposta e controle, com condições iniciais nulas.
Vamos calcular a matriz de transferência
utilizando as equações (13). (Sabemos que transformação
de estado não altera a função de transferência).
Portanto, com condições iniciais
nulas o sistema se comporta como o seguinte sistema, bem mais simples que
o original (comparar com o diagrama de bloco anterior):
|
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Passemos agora à decomposição "dual", correspondente aos sub-espaços observável e inobservável.
Lembramos que a matriz de observabilidade
é
Seja e
o posto de Po
Seja
uma base para N[Po ] e seja
uma base para N[Po] = R[PoT]
Seja Q-1 = [p1, p2,...,pn](27)
Seja a transformação
|
(28)
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O teorema a seguir, é dual do teorema
(3) e será por isso denotado por (3‘ ):
Teorema 3’:
Aplique-se a transformação
de estado (28) ao sistema
y = C . x |
Obtém-se
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(30)
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onde o sub-sistema de dimensão
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(31)
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é completamente inobservável,
enquanto que o sub-sistema de dimensão
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(32)
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é (completamente) observável
O diagrama de blocos de (30) é
Analogamente à decomposição
anterior, a parte inobservável não contribui para a matriz
de transferência e esta portanto é
Teorema 4:
De um modo geral, pode-se provar que um
sistema pode ser decomposto da seguinte forma, usando transformação
de estado:
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(33)
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onde,
a) o sub-sistema
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(33a)
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é controlável e inobservável,
b) o sub-sistema
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(33b)
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é controlável e observável,
c) o sub-sistema
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(33c)
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é incontrolável e inobservável,
d) o sub-sistema
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(33d)
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é incontrolável e observável. Temos também: y = y2 + y4
Em diagrama de blocos, temos
Consequentemente, temos
Corolário 5:
A matriz de transferência do sistema
(33) é dada por:
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(34)
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Vejamos um exemplo referente ao teorema 3‘
Teorema 6:Suponha que o sistema seja controlável e observável. Então,
Estabilidade Assintótica <==> Bibo-estabilidade.