Começaremos a ilustrar este importante conceito por meio de um
Exemplo 1
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A fonte é de tensão. Supondo
v1(0) = v2(0),
é claro que v1(t) = v2(t) .
Ou seja, não conseguimos controlar
a tensão nos capacitores, independentemente uma da outra, qualquer
que seja a tensão u(t) empregada. Neste caso dizemos que o vetor
de estado [ v1(t) v2(t)
]T é incontrolável. Consequentemente o sistema
(definido pelo vetor de estado) não é completamente controlável.
Abreviando a linguagem, dizemos que o sistema não é controlável,
ou seja, é incontrolável.
Passemos agora a um exemplo com uma representação mais abstrata de um sistema, a qual poderia representar um sistema elétrico, mecânico, etc.
Suponha nulas as condições iniciais.
Vamos calcular x(t); sabemos que
Sabemos que: eAt
= -1[(s
I
- A)-1]
Ora,
É claro que este sistema não é controlável, porque as duas componentes do vetor de estado, x1(t) e x2(t), serão sempre iguais, qualquer que seja u(t).
E note-se que o fato de termos suposto nulas as condições iniciais não altera esta conclusão. Com efeito, se fosse x(0) = [ x1(0) x2(0) ]T a condição inicial, a conclusão seria a mesma: o sistema é incontrolável. Já deu para "sentir" o que é um estado incontrolável. Mas as noções dadas até agora estão muito imprecisas. As definições precisas são dadas a seguir.
Seja o sistema invariante no tempo na sua
forma geral:
(4)
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onde.
Definição 2:
Seja
um estado particular de (4), ou seja,
.
Dizemos que
é controlável se para todo T > 0 existir um controle u(t),
,
tal que quando aplicado ao sistema (4) com x (0) =
resulte em x(T) = 0.
Observações:
1) O controle u(t) que resolve o problema
de levar o estado de x(0) =
para x(T) = 0 não é único como veremos mais adiante.
2) Dizemos que
é alcançável se para todo T > 0 existir um controle
u(t),
,
tal que leve o vetor de estado de x(0) = 0 a x (T) =
.
Para sistemas lineares invariantes no tempo
e de tempo contínuo, as duas definições (controlabilidade
e alcançabilidade) são equivalentes, como é de se
esperar intuitivamente, i.e., o vetor de estado
é controlável se só se for alcançável.
Como veremos adiante no curso, isto não é verdade no caso
de sistemas de tempo discreto, um fato paradoxal. E também não
é verdade se o sistema for variante no tempo, o que é intuitivo.
Definição 3:
O sistema (4) é dito (completamente)
controlável se todo estado (vetor de estado) for controlável.
O sistema é dito (completamente) alcançável se todo
vetor de estado for alcançável.
Observações:
1) Dada a equivalência, como vimos, entre controlabilidade e alcançabilidade, é claro que o sistema é (completamente) controlável se só se existir um controle (u) que leve o estado do sistema de x(0), escolhido arbitrariamente, para x(T), escolhido também arbitrariamente, sendo T também escolhido arbitrariamente.
2) Doravante omitiremos com freqüência, a não ser nos casos em que queiramos enfatizar, o advérbio "completamente" e chamaremos de controlável o sistema que for completamente controlável.
Definamos agora o gramiano de controlabilidade:
(6)
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Observe-se que Wc (0,T) é uma matriz nxn, simétrica.
Então Wc (0,T) pode ser visto como um operador, i.e.,
Seja R[ Wc ( 0,T)] o espaço imagem ("range") de Wc(0,T), i.e.,
R[Wc (0,T)
] = { y ; y = Wc . x
para algum x
}
Então temos:
Teorema 4:
Um estado
de (4) é controlável se só se pertencer a R[Wc(0,T)].
Consequentemente, o sistema é (completamente) controlável
se só se Wc (0,T) for não singular.
Observação:
Seja u(t) um controle que leva o estado
do sistema de à
origem em T (tempo).
Então,
(14)
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Seja v(t) um controle que leva o estado
do sistema da origem a .
Então,
(15)
|
Substituindo esta em (14), vem
Daí se vê que v(t) ¹ -u(t). Com efeito, com -v(t) ¹ u(t) teríamos
(em vista de (15))
,Þ
não pode
ser qualquer.
Agora vamos provar que se o sistema for
(completamente) controlável, então
transfere o estado do sistema da origem para
.
Com efeito, sendo o sistema controlável, .
Ora,
R[Wc] é conhecido como sub - espaço de estados controláveis do sistema: qualquer vetor pertencente a este sub - espaço dos estados é controlável.
E é claro que o sub - espaço
dos estados incontroláveis é ortogonal a ele, isto é
.
Mas sabemos da Álgebra Linear que
Mas, sendo Wc simétrica, conclui-se que o sub - espaço dos estados incontroláveis é N[Wc].
Podemos então decompor Ân :
Então, qualquer x
pode ser expresso de modo único:
x = xc + xuc
onde xc é a componente controlável do vetor e xuc é a componente incontrolável.
A seguir temos um corolário interessante:
Corolário 5:
Suponha que Wc (0,T) é
não singular.
Então o controle
(19)
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transfere o sistema (4) do estado inicial
para o estado final x(T) = 0.
Além disso, este controle é
o mais econômico em termos de "energia", i.e., para qualquer outro
controle u(t) que transfira o estado do sistema
a 0, temos:
(20)
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A condição de controlabilidade do teorema (4), em função do gramiano é de verificação complicada, porque é preciso calcular uma integral, cujo integrando é função de eAt (!)
O teorema seguinte simplifica enormemente
as coisas.
Teorema 6:
Defina-se a seguinte matriz de controlabilidade,
a qual é n x mn
(28)
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Então o sub - espaço dos
estados controláveis é
(29)
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enquanto que o sub - espaço incontrolável
é
(30)
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Consequentemente, o sistema é (completamente) controlável se só se a matriz de controlabilidade tiver posto cheio, i.e., Posto [Pc ] = n.
Observação:
Note-se que Pc não depende de T. Portanto, este teorema prova também que o espaço imagem e o núcleo de Wc(0,T) não dependem de T, conforme havia sido anunciado antes.
A seguir, temos
Lema 7:
Suponha que o estado inicial x(0) =
do sistema (4) é controlável. Então o estado x(t)
é controlável " t > 0, qualquer que seja o controle u(t)
aplicado ao sistema.
Vamos ilustrar a teoria dada até agora com alguns exemplos
Lema:
Seja ,
posto [B] = m.
Então
Observe que a noção de controlabilidade do estado só envolve as matrizes A e B.
Considere-se agora o sistema com a sua resposta i.e.,
onde ,
A e B têm as dimensões usuais.
O sistema acima tem a resposta controlável se existir um controle u(t), t < T (T arbitrário) que se transfira a resposta de y(0) = yo (dado e arbitrário) para y(T) = yi (dado e arbitrário).
Pode-se demonstrar, por desenvolvimento análogo ao anterior, que o sistema acima tem a resposta (completamente) controlável se só se a matriz
tiver posto p .