Observabilidade

O conceito de observabilidade é, como veremos, "dual" do de controlabilidade.

Comecemos ilustrando por um

Exemplo 1

Seja o circuito elétrico
 

cujas equações são

Calculando, obtém-se

Seja u(t) = 0 e seja

Obtemos

Desta última expressão vemos que a resposta do sistema depende da diferença . Consequentemente (com u(t) = 0), y(t) = 0  se . Portanto se o estado inicial   for tal que , dizemos que ele é inobservável (na resposta). Este conceito é importante, não só matematicamente, como veremos, mas também fisicamente. Assim, se no exemplo acima tivéssemos uma função ilimitada em vez de e - 3 t , com , a resposta do sistema estaria zerada e, no entanto, o estado do sistema cresceria ilimitadamente, "queimando" (ou "explodindo") o sistema. O sistema acima é dito (parcialmente) inobservável e o sub - espaço {x : x 1 = x 2 } é chamado sub - espaço dos estados inobserváveis, representado abaixo por uma reta bissetriz do 1o quadrante e do 3o quadrante.
 

Consideremos agora um sistema qualquer na forma geral.
 
 (4)

onde A, B e C têm as dimensões usuais.
 

Definição 2:

Um estado particular  do sistema (4) é dito inobservável se com u(t) = 0 e com qualquer T > 0 o estado inicial x(0) :=  produzir a resposta .
 

Definição 3:

O sistema (4) é dito (completamente) observável se o seu único estado inobservável for x(0) = 0. Se algum x(0)  0  inobservável, então o sistema é dito inobservável. Para saber se um sistema é inobservável, temos primeiramente o seguinte
 

Teorema 4:

Seja
 
(6)

uma matriz simétrica (n x n) chamada gramiano de observabilidade. Um estado  do sistema (4) é inobservável se só se ele pertencer ao núcleo de Wo (0,T), denotado por N[Wo (0,T)]. Consequentemente, o sistema é (completamente) observável se só se Wo (0,T) for não-singular.

Ver Prova
 

Sendo Wo uma matriz simétrica, temos Wo T = Wo .

Por outro lado, é claro que o sub - espaço dos estados observáveis é o complemento ortogonal de N [Wo ], ou seja, é . E sabemos que
 
 (11)

sendo que
 
(12)

Ou seja, x  pode ser decomposto de forma única nas parcelas
 
x = xo + xuo, sendo 
(13)

onde xo é a componente observável de x, sendo x u o a componente inobservável.

O Corolário seguinte mostra como calcular o estado inicial do sistema a partir do conhecimento de y(t), caso ele seja observável e u = 0
 

Corolário 5:

Seja o sistema (4) com u = 0. Suponha que Wo (0,T) é não-singular (e portanto o sistema é observável). Então,
 

Ver Prova

É frequente encontar nos livros de Controles e Sistemas a seguinte definição: Seja  . Então,
x(0) é observável se existir T > 0 tal que o conhecimento de y(t) em  permita determinar x(0).

Ora, seja

x(0) = x o + x uo (ver (13))

e suponha que x 0, xuo 0.

Seja y(t) a resposta do sistema. É claro que o conhecimento de y(t) só me permite estabelecer xo. Portanto, da definição acima x(0) não é observável.

Por outro lado, como y  0, concluímos da definição (2) que x(0) também não é inobservável. Ou seja, se quisermos manter as duas definições, concluimos que uma não é a negação da outra.

Tal como na controlabilidade, o teorema a seguir dá um modo muito mais expedito para a verificação da observabilidade do que a aplicação do teorema (4)
 

Teorema 6:

Definamos a matriz de observabilidade (np x n) Po, a saber,
 
(16)

Então o sub - espaço dos estados inobserváveis é
 
(17)

e o sub - espaço dos estados observáveis é
 
(18)

Consequentemente, o sistema é completamente observável se só se a matriz de observabilidade tiver posto cheio, i.e.,
 
Posto [Po]=n  (19)

Observação:

Este teorema prova também que os sub-espaços dos estados inobserváveis e observáveis não dependem de T, uma vez que Po independente de T.

Ver Prova
 

Observação:

Tal como no caso da controlabilidade, o teste da observabilidade dado pelo teorema (6) pode ser simplificado ulteriormente se p > 1, e se posto [C] = p, a saber:
 

Corolário:

Suponha que posto [C] = p.

O sistema é (completamente) observável se só se o

Posto de  for n.

A seguir, tal como no caso da controlabilidade, pergunta-se se um estado inobservável em [0,T] continua inobservável para t > T.
 

Lema 7:

Seja o sistema (4) com u = 0. Se o estado inicial x(0) for inobservável, então o estado x(t) = e A t . x(0) permanece inobservável .

Ver Prova
 

Vejamos alguns exemplos para ilustrar a teoria