Probabilidade Condicional

Como será que a probabilidade de um evento muda após sabermos que um outro evento ocorreu ? Este tipo de pergunta nos leva à idéia de probabilidade condiciona, uma das mais importantes deste curso. Esta noção está intimamente relacionada ao fato da ocorrência de um evento afetar, em certos casos, a probabilidade de ocorrência de outro evento.

Uma probabilidade condicional nada mais é do que uma probabilidade calculada não mais a partir do espaço amostral inteiro S, e sim a partir de um subconjunto de S.

Exemplo
 

Probabilidade Condicional

A probabilidade condicional do evento A2 dado o evento A1 é definida como:

, desde que P ( A1 ) > 0

Ao re-ordenarmos a expressão acima encontramos:

P ( A1 Ç A2 ) = P ( A1½A2 ) P ( A1 )> 0

Importante: a probabilidade condicional P ( A2 ½ A1 ) não é definida se P ( A1 ) = 0.

Exemplo
 

Probabilidades condicionais são "realmente" probabilidades, isto é, satisfazem todas as propriedades de uma função que possa ser chamada de "probabilidade" . Então :
 
1) 0 £Pr ( A ½B ) £

2) Pr ( S½B ) = 1 onde S é o espaço amostral

3) Se A1, A2 , A3 , ..... é uma seqüência enumerável de eventos disjuntos então : 

Pr( A1ÈA2 È A3 È .....) = Pr( A1) + Pr ( A2) + Pr(A3) + ..... 
 

Note que , se A e B são mutuamente exclusivos, então Pr(A ÇB) = 0 e Pr(A½B) = Pr( B½A) = 0.
 

Eventos Independentes

Dois eventos A e B são independentes se, e somente se :

Pr ( AÇ B ) = Pr ( A ) . Pr ( B )

Independência é uma propriedade muito forte e tem um impacto direto sobre as probabilidades condicionais, como veremos a seguir.
 

Probabilidade Condicional de Eventos Independentes

Se A e B são eventos independentes, então Pr ( AÇ B) = Pr ( A ).Pr ( B ).

Assim, da definição de probabilidade condicional,

Ou seja, quando os eventos A e B são independentes, a probabilidade condicional de A quando sabemos que B ocorreu é a mesma que a probabilidadeincondicional de A. Em outras palavras, se A e B são independentes, saber que B ocorreu não altera a probabilidade de A.

A independência de dois eventos A e B tem conseqüências também para os complementos destes eventos, como mostrado no teorema a seguir .

Teorema

Se A e B são eventos independentes então :

1.  e B são independentes,
2.A são independentes,
3 são independentes.

onde  são, respectivamente, os complementos de A e B. Muitas vezes é interessante reescrever a expressão da probabilidade condicional para calcular a probabilidade de ocorrência de ambos A e B.

Pela definição:   e por simetria: 

Logo:

Pr ( AÇ B ) = Pr ( A ) Pr ( B½ A) = Pr ( B ) Pr ( A½ B)

Em particular podemos usar esta última expressão na definição das probabilidades condicionais, de forma a relacionar a probabilidade condicional Pr (B½ A) com Pr (A½B).Esta regra é útil em casos onde é difícil calcular uma das probabilidades condicionais mas é fácil calcular a probabilidade condicional "inversa".

Estas duas fórmulas são, na verdade, a forma mais simples de expressar o Teorema de Bayes.

Exemplos
 

Partição do Espaço Amostral

Os eventos B1, B2 , ...., Bk formam uma partição do espaço amostral S se:

1. BiÇBj =Æpara todo i¹j
2 . È Bi = S
3. Pr( Bi ) > 0 para todo i

Ou seja, quando a experiência aleatória é realizada, apenas um dos Bi ocorre.

Em geral podemos escrever qualquer evento no espaço amostral em termos das suas interseções com os conjuntos que formam uma partição do espaço amostral.

Por exemplo, se A é um evento qualquer em S e B1, B2 , ...., Bk formam uma partição de S então :

A = (A ÇB1) È(AÇB2)È(AÇB3)È ..... (AÇBk)

onde os (AÇBi) são disjuntos, o que resulta em :

Pr(A) = Pr (AÇB1) + Pr (AÇB2) + Pr (AÇB3) + .....+ Pr (A ÇBk)
 

Teorema da Probabilidade Total

Sejam B1, B2 , ...., Bk uma partição de S e A um evento qualquer em S . Então :

Pr(A) = Pr(B1).Pr(A½B1) + Pr(B2).Pr(A½B2) + ..... + Pr(Bk).Pr(A½Bk)

A demonstração deste resultado decorre diretamente do que já foi exposto, lembrando apenas que
Pr (AÇBi ) = Pr( Bi ). Pr(A½Bi) para i =1, 2, ...., k .

Um caso particular importante ocorre quando consideramos apenas 2 eventos, A e B, como uma partição do espaço amostral. Neste caso :

Pr(A) = Pr(B).Pr(A½B) + Pr(B).Pr(A½B)
 

Teorema da Multiplicação

Já foi enunciado antes. É apenas a definição de probabilidade condicional expressa de outra maneira.

Pr( AÇB ) = Pr(A ½B) . Pr(B) = Pr( B½A).Pr(A)

O próximo resultado é um dos mais importantes da teoria das probabilidades, e generaliza o teorema da multiplicação, permitindo que se "invertam" probabilidades dada uma partição do espaço amostral.
 

Teorema de Bayes

Sejam B1, B2 , ...., Bk uma partição de S e A um evento qualquer em S. Então :

Demonstração

Onde a segunda desigualdade foi obtida aplicando-se o teorema da probabilidade total à probabilidade do evento A.

O teorema de Bayes nos permite "inverter" probabilidades, no sentido de calcular Pr ( Bi½A ) como uma função das probabilidades condicionais inversas Pr ( A | Bi ) para todo i.

Exemplos

A esta altura deve estar claro que as noções de independência e probabilidade condicional estão intimamente ligadas. O efeito da independência de A e B é tornar as probabilidades incondicionais iguais às respectivas probabilidades condicionais. A definição de independência deve ser estendida a mais de 2 eventos, e para que n eventos sejam independentes não basta que eles sejam independentes dois a dois.
 

Independência para mais de 2 eventos

Sejam A1, A2, ..., An eventos, onde n ³3. Estes n eventos são independentes se, e somente se :

1. Pr ( A1ÇA2 Ç ... ÇAn ) = Pr ( A1 ) . Pr ( A2 ) ... Pr ( An ) e
2. Toda subcoleção de eventos contendo mais de 2 e menos de n eventos é independente.
 

Teorema

Sejam A1,A2 , ..., An eventos quaisquer tais que :

Então :

Pr ( A1ÇA2Ç ....ÇAn ) = Pr ( A1 ). Pr ( A2½ A1 ). Pr ( A3½A1ÇA2 )...Pr ( An ½A1ÇA2 Ç ...ÇAn-1 )

Demonstração

O produto das probabilidades do lado direito da equação acima é :

Todos os termos deste produto se cancelam, exceto Pr ( A1ÇA2Ç .... ÇAn ), que é o lado esquerdo da equação.

Em particular, o teorema nos diz que :

1. Pr ( A1ÇA2 ) = Pr ( A1 ). Pr ( A2 | A1) e
2. Pr ( A1ÇA2 ÇA3 ) = Pr ( A1 ). Pr ( A2 |A1 ). Pr ( A3 |(A1 ÇA2 ))

Exemplos