Compreender o papel que o curso de Pedagogia ocupa na formação de professores para as séries iniciais, em especial, na preparação para ensinar a ler e escrever aos alunos desse ní­vel de escolaridade constituiu- se como principal objetivo deste estudo. Para isso, através de um questionário aplicado a uma amostra de estudantes de Pedagogia de cinco instituições (3 públicas e 2 privadas) situadas no município do Rio de Janeiro, buscou-se identificar quem são os estudantes envolvidos nesse processo formativo e de que forma os mesmos estariam se relacionando com essa experiência. Levando-se em conta as discussões que permeiam as recentes mudanças propostas para o curso de Pedagogia, bem como aquelas que estão no centro do debate relativo ao campo de estudos sobre a Lí­ngua e o seu ensino, entendeu-se ser importante também perceber o ponto de vista dos formadores não são sobre os estudantes bem como sobre essas questões. Dessa forma, realizaram-se entrevistas com oito professoras formadoras que atuam nessas cinco instituições, lecionando disciplinas correspondentes à  metodologia de ensino de língua. No que se refere, especificamente, ao perfil dos estudantes que constituíram a amostra investigada, os resultados apontam que a predominância da presença feminina se mantém, embora se anuncie uma participação maior de homens. Outros traços que parecem indicar uma possí­vel tendência de mudanças na caracterização dos estudantes que, mais recentemente têm ingressado nesses cursos, foram observados. Em consonância com outros estudos, registra-se o significativo percentual de estudantes jovens e a inexpressiva presença de estudantes egressos de cursos de magistério de nível médio. Em relação à  origem social, a análise dos dados são corrobora a idéia de uma seleção restritamente de base popular nos cursos de Pedagogia investigados. Contrariando isso, o que se verificou foi a presença de estudantes com perfis socioeconômicos diferenciados, incluí­do à­ uma maioria (62%) oriunda de diferentes segmentos das camadas médias. Ressalta-se como um traço distintivo importante, também, a pretensão de continuarem buscando a qualificação profissional pela via acadêmica em ní­vel de Pós-Graduação. No que diz respeito  às contribuições do curso para a formação desses estudantes, muito embora se verifique que as razões que os levaram a cursar Pedagogia pareçam estar associadas muito mais a condições objetivamente dadas do que a uma opção claramente deliberada pela carreira docente, percebe-se uma atitude positiva face à  formação e à  profissão pelo reconhecimento de que a experiência formativa tem contemplado reflexões acerca de diferentes aspectos que contribuem para a sua aprendizagem profissional e pela constatação de que um percentual significativo aponta como perspectiva futura a intenção de atuar/continuar atuando no magistério. Confirmando isso, registra-se ainda que, apesar dos limites advindos de uma possível escolarização precária, no que se refere à  constituição dos estudantes como futuros professores, destaca-se a percepção de que o curso tem contribuído para que ampliem seus níveis de letramento, favorecendo a construção de conhecimentos especí­ficos para o ensino de língua em relação ao que deve ser ensinado e como deve ser desenvolvido esse ensino, tanto na alfabetização quanto nas séries subsequentes. Dados que podem ser entendidos em estreita aproximação com as concepções e perspectivas de atuação que, segundo as professoras formadoras entrevistadas, vêm orientando a formação que ocorre nos cursos de Pedagogia dos quais os estudantes fazem parte.