O objetivo deste trabalho é investigar como se constrói a socialização profissional docente em uma escola privada de rede que atende a nova classe média. Entrevistas com oito professoras do primeiro segmento do ensino fundamental e a observação do espaço da sala de professores foram as principais estratégias metodológicas usadas, próprias de um estudo de inspiração etnográfica. A investigação incide, particularmente, sobre as condições de trabalho das professoras e em como se processa o desenvolvimento profissional, considerando-se que as experiências que vivenciam durante a permanência na Sala de Professores podem ser promotoras de uma efetiva formação continuada. A partir da análise do material coletado, surgiram algumas questões relativas ao trabalho docente nessa instituição. De um lado, evidenciou-se a precarização do trabalho docente em decorrência dos baixos salários, da intensificação do trabalho, da ausência de uma política de formação, de uma lógica organizacional que não favorece o partilhar dos saberes entre os professores. Por outro lado, essa mesma lógica organizacional fundada em dispositivos de regulação no cumprimento de prazos, de controle da prática docente, orientada por manuais pedagógicos e softwares educativos acaba por comprometer a autonomia das professoras e, por conseguinte, o desenvolvimento de um clima colaborativo. Por último, a pesquisa contribui ao problematizar os efeitos perversos da mercantilização da educação e a complexidade da socialização profissional docente neste estabelecimento de ensino. Esta rede privada tem sua estrutura pautada em dispositivos de controle e regulação, que subjugam o professor a um conjunto de instrumentos, técnicas, procedimentos, inibidores da criatividade dos docentes e de um trabalho por natureza autoral. A socialização profissional docente é determinada pelos dispositivos institucionais característicos do sistema empregado pela rede privada de ensino e um retrato da forma como a escola trata as professoras e concebe o processo educativo.