Título: | EX-ALUNOS NEGROS COTISTAS DA UERJ: OS DESACREDITADOS E O SUCESSO ACADÊMICO | |||||||
Autor: |
DANIELA FRIDA DRELICH VALENTIM |
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Colaborador(es): |
VERA MARIA FERRAO CANDAU - Orientador |
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Catalogação: | 03/MAI/2012 | Língua(s): | PORTUGUÊS - BRASIL |
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Tipo: | TEXTO | Subtipo: |
TESE
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Notas: |
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Referência(s): |
[pt] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=19501&idi=1 [en] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=19501&idi=2 |
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DOI: | https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.19501 | |||||||
Resumo: | ||||||||
O objetivo da pesquisa realizada foi conhecer e analisar a compreensão
pessoal da trajetória universitária de ex-alunos autodeclarados negros que
acessaram vagas universitárias na UERJ na condição de alunos beneficiados pelas
ações afirmativas, modalidade cotas, e que chegaram à formatura. Optando por
uma abordagem do tipo qualitativa, foram realizadas 16 entrevistas individuais
semi-estruturadas a graduados nos seguintes cursos: Direito, Pedagogia, Serviço
Social, Odontologia, Ciências Sociais, Ciências Biológicas, História, Letras,
Psicologia e Matemática. Articulou um estudo de caráter reflexivo-analítico da
literatura pertinente: às políticas de ação afirmativa e seu debate teórico, inseridas
num contexto de políticas de o reconhecimento cultural protagonizadas pelos
movimentos negros à constituição da experiência de ação afirmativa (Fraser,
2007, 2001; Frankenberger, 1993, 2004); ao atual estágio das políticas de ação
afirmativa no Brasil (Guimarães, 2002, 2011; Gomes, 2003); à temática da
desigualdade racial existente no país, evidenciada especialmente pela pouca
presença de negros no ensino superior (Munanga, 1986, 2010; Carvalho, 2002,
2005); à presença de sujeitos pobres e negros no ensino superior, especialmente os
que tiveram acesso à universidade através de ações afirmativas e os caminhos que
traçaram até suas formaturas (Teixeira, 2003; Zago, 2006) e, simultaneamente, a
realização de uma pesquisa de campo (Candau, 2005, 2003; Valentim, 2005;
Lopes & Braga, 2007). Com Goffman (2008), percebeu-se que os alunos cotistas
não são reconhecidos como pertencentes à categoria social alunos universitários
normais, suas identidades são estragadas e diminuídas, sendo desacreditados ao
longo de todo caminho universitário, padecendo de um estigma. Faltaria a eles o
atributo indispensável à identidade de aluno normal: o mérito, pensado como
uma categoria neutra, objetiva, universal ou natural, destituído dos jogos de poder
e das disputas sociais. Aqueles que podem ocultar essa marca são os
desacreditáveis. Entretanto, a condição de cotista pode vir à luz, situação que
altera a posição de desacreditável para desacreditado. Aqueles que não podem ou
não querem ocultar a marca de cotistas são os desacreditados. Os negros cotistas
são por excelência os desacreditados. O racismo institucional vigente na
universidade responde pela associação aluno negro igual a aluno cotista, de tal forma
que, após o implemento da ação afirmativa, que alcança diferentes sujeitos, os
alunos negros têm sido imediatamente identificados como alunos cotistas, o que
não ocorre com os alunos brancos, que não padecem imediatamente, das
conseqüências desse estigma. Devido à natureza flexível e ambígua dos esquemas
classificatórios baseados na cor e na mestiçagem que operam na sociedade
brasileira, os alunos que têm menores marcas que denunciem sua pertença racial
de matriz africana podem gozar do benefício da dúvida deslizando da condição
de desacreditado para a de desacreditável. O estudo afirma que os sujeitos
pesquisados vivenciaram a experiência universitária tendo enfrentado vicissitudes
materiais e simbólicas oriundas das desigualdades socioeconômicas e raciais
somadas ao estigma de cotista. Alcançaram suas formaturas com o apoio
institucional da universidade através das bolsas a que fizeram jus e de duas
importantes estratégias: a condição de estudante trabalhador e o pertencimento a
diferentes redes de solidariedade.
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