Título: | A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DA (IN)DISCIPLINA NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA: VOZES, DISCURSOS E ALTERIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR | |||||||
Autor: |
ELAINE LOPES NOVAIS |
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Colaborador(es): |
LUCIA PACHECO DE OLIVEIRA - Orientador |
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Catalogação: | 25/SET/2008 | Língua(s): | PORTUGUÊS - BRASIL |
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Tipo: | TEXTO | Subtipo: | TESE | |||||
Notas: |
[pt] Todos os dados constantes dos documentos são de inteira responsabilidade de seus autores. Os dados utilizados nas descrições dos documentos estão em conformidade com os sistemas da administração da PUC-Rio. [en] All data contained in the documents are the sole responsibility of the authors. The data used in the descriptions of the documents are in conformity with the systems of the administration of PUC-Rio. |
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Referência(s): |
[pt] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=12242&idi=1 [en] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=12242&idi=2 |
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DOI: | https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.12242 | |||||||
Resumo: | ||||||||
A presente Tese de Doutorado tem como objetivo investigar
como os sujeitos do contexto escolar constroem
discursivamente o conceito de (in)disciplina, compreendendo
a linguagem como prática social, onde os indivíduos,
situados sócio-historicamente, negociam significados
(Fairclough, 1989; Moita Lopes, 1996 e 1998). Partindo da
perspectiva bakhtiniana de linguagem (Bakhtin, 1992[1929]),
busco reconhecer as vozes que ecoam nos enunciados
construídos pelos participantes do contexto escolar -
professores, funcionários técnico-administirativos e alunos,
bem como a construção da alteridade na escola, isto é, como
o outro é representado no discurso dos
participantes da instituição analisada. O estudo das
diferentes teorias sobre (in)disciplina baseou-se,
principalmente, em Foucault (2000[1975]), Aquino
(1996), De La Taille (1996) e Vasconcellos (2000 e 2003).
Uma descrição da instituição escolar ao longo do tempo é
apresentada (Dussel e Caruso, 2002; Hilsdorf, 2006; Bauman,
1998; Sennet, 2004), situando a escola em uma dimensão
sócio-histórica, no sentido de melhor compreendê-la, e
perceber como certos padrões da vida escolar foram sendo
construídos social, cultural e politicamente. A pesquisa
baseia-se em um estudo de caso de um colégio público
federal de Ensino Fundamental e Médio do Rio de Janeiro e
faz um recorte profundo na realidade social desta escola,
buscando as diferentes visões dos participantes do contexto
escolar sobre questões disciplinares. Entrevistas
semiestruturadas e documentos institucionais foram os
instrumentos utilizados para gerar os dados da pesquisa.
Foram entrevistados professores de diferentes idades,
áreas de conhecimento e experiência docente; alunos de
diferentes séries; funcionários técnico-administrativos; a
diretora adjunta e o diretor da unidade escolar na qual a
pesquisa foi desenvolvida. A análise dos dados mostrou que
existe na escola analisada uma crise de paradigmas em
relação à questão disciplinar, uma vez que esta é uma
instituição onde predomina uma visão moderna de educação,
embora esteja inserida em um contexto sócio-histórico
pósmoderno. Além disso, o discurso documental da escola ecoa
a disciplina tradicional, que associa a disciplina à
obediência e submissão. Contudo, acompanhando as
características da sociedade pós-moderna - fluidez,
velocidade, reorganização do tempo e do espaço,
adaptabilidade, coexistem atualmente nas escolas a
disciplina tradicional e outras visões de (in)disciplina, a
saber: liberal, psicologizante e consciente/interativa. A
análise dos dados mostrou também que existem diferentes
discursos acerca da (in)disciplina no contexto escolar
analisado, dentre os quais estão: o discurso dos acordos,
que compreende a disciplina como o estabelecimento de
contratos negociados entre os participantes da sala de aula;
o discurso único, que busca uma consonância monológica,
inviável em um mundo polifônico; e o discurso acusatório,
através do qual o eu da relação pedagógica é geralmente
representado de forma positiva, enquanto o
outro, em muitos casos considerado como a família, é
representado de forma negativa e responsabilizado pelos
problemas disciplinares que ocorrem na escola.
Alguns outros temas emergiram nas entrevistas e nortearam o
trabalho de análise dos dados: as vozes sociais, que
demonstram haver um agitado balaio de vozes no discurso de
cada indivíduo (Bakhtin, 1992[1929]), bem como uma
multissonância de vozes no discurso dos diferentes
participantes do contexto escolar, estando, por exemplo, os
alunos satisfeitos com a disciplina da escola, ao
passo que os professores demonstram o oposto. As
consonâncias, dissonâncias e multissonâncias discursivas
observadas no contexto escolar indicam a urgência de
uma reflexão ampla, por parte de todos os seus
participantes, sobre as questões envolvidas no discurso
disciplinas.
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