Em 1993, o Conselho Mundial de Igrejas, na sua seção fé e constituição, iniciou um estudo sobre a relação entre a eclesiologia e a ética nas diversas denominações cristãs. Naquela ocasião, o documento Costly Unity marcou a proposta de conceber a Igreja como uma comunidade moral que serve a justiça, a paz e a integridade da criação. No ambiente católico, a proposta teve duas reações, por um lado, estavam os teólogos que acreditavam essa acepção ser verdadeira devido à crescente importância da Doutrina Social da Igreja para a evangelização; por outro lado, estavam os pensadores que mencionavam não ser apropriado dar à ética o peso que, propriamente, deveria ser da Eucaristia. Neste momento em que a Igreja reflete novamente sobre seu modo apropriado de existir no mundo contemporâneo, este artigo se propõe a seguinte questão: é possível entender a Igreja como comunidade moral a partir da eclesiologia do Concílio Vaticano II? Para responder esta pergunta, o artigo se divide em duas partes, respectivamente intituladas, o sentido eclesio-ético da origem trinitária da Igreja, o sentido eclesio-ético da relação entre carisma e hierarquia.