A Amazônia brasileira abriga uma enorme quantidade e variedade de cacau de qualidade singular, o qual se mostra propício para se qualificar como cacau fino e ganhar espaço no mercado de chocolates de alta qualidade. Uma das atividades profissionais da autora é a comercialização de chocolate de alta qualidade do Brasil, trazendo a percepção de que a produção de cacau fino é incipiente na região amazônica. O presente trabalho analisa os principais empecilhos para o fortalecimento da cadeia sustentável de produção do cacau fino da Amazônia brasileira, assim como a possibilidade de crescimento do comércio do chocolate de alta qualidade produzido a partir desse cacau. Adotou-se como metodologia a revisão sistemática da literatura a fim de aprofundar o conhecimento acerca da realidade da cadeia sustentável do cacau na Amazônia. Também foram realizadas entrevistas com a chocolateira Luisa Abram, que utiliza cacau da Amazônia; e um de seus produtores, Francisco Maciel Silva, morador das proximidades do Rio Acará/PA. Outros grupos analisados foram os chocolateiros que, por meio de questionários on-line, buscou-se identificar as dificuldades enfrentadas para a utilização do cacau da Amazônia, além da preocupação ambiental para a utilização desse cacau; assim como os consumidores, acerca da percepção do valor de produtos fora dos mercados convencionais e de como iniciativas de informação podem afetar a escolha no momento da compra. A pesquisa identificou como principais dificuldades a falta de capacitação e profissionalização dos produtores; altos custos logísticos; ausência de coordenação entre as cadeias produtivas e de integração de dados confiáveis sobre a situação dessas cadeias, fatores que dificultam a formulação de programas e de políticas públicas; a fragilidade de gestão das cooperativas; a falta de investimentos públicos e privados e a existência de um grande número de intermediários. Também se constatou que o mercado ainda não está amadurecido para absorver o chocolate feito a partir desse cacau. O consumo de chocolate de alta qualidade é ainda pequeno frente ao consumo de 7 chocolate industrializado. Essa escolha pelo consumidor decorre pelo preço mais barato do chocolate industrializado, assim como pela escassez de oferta no mercado de chocolate de alta qualidade, além da falta de informação de que o chocolate industrializado provém de uma cadeia produtiva injusta. Assim, o estudo permitiu visualizar o atual cenário dessa cadeia, propondo-se o desenvolvimento de um plano de ação atrelado à sustentabilidade, articulado com as partes interessadas, visando ao incremento desse setor.