Introdução ao Problema da Deteção Binária


 

Como introdução ao problema da deteção, fundamental para a transmissão digital, será  considerado inicialmente, um sistema simplificado como representado na Figura 1 onde m é a mensagem transmitida, escolhida aleatoriamente entre 2 mensagens possíveis, m1 e m2, com probabilidades P(m1) e P(m2) denominadas probabilidades "a priori". O transmissor associa a m1 e m2 os sinais s1 (t) e s2(t). O sinal transmitido s(t) é perturbado no canal por um ruído aditivo n(t) modelado como um processo aleatório Gaussiano de média nula e valor médio quadrático s ² , estatisticamente independente das mensagens. Na entrada do receptor, o sinal recebido r(t) é amostrado em um instante t = t0. Na entrada do detetor tem-se, portanto, uma variável aleatória
 
 
(1)

ou, suprimindo t0 para simplificar a notação,
 
 
(2)

A operação do detetor consiste em observar o valor de r e associar m, a mensagem detetada, a m1 ou m2 . Haverá  erro quando . Supondo, sem perda de generalidade, s2(t0)s1(t0), pode-se representar o espaço das observações de r através da Figura 2. A operação do detetor pode ser visualizada nessa figura dividindo o espaço de observações em duas regiões I1 e I2 , cada uma delas associada a uma das mensagens, de tal forma que:
 
 
(3)


Figura 1 - Sistema de transmissão digital simplificado

O desempenho do receptor depende fundamentalmente da forma como são definidas as regiões I1 e I2. No presente caso, será estabelecida a seguinte definição
 
 
(4)

Esta definição, embora em princípio arbitrária, é intuitiva. Na verdade, pode-se mostrar, como será  visto em  O problema geral da deteção, que, se o ruído n é gaussiano, a definição acima leva ao melhor desempenho do receptor, desde que o valor de a seja escolhido adequadamente.
 
 

Figura 2 - Espaço de observação e regiões de decisão








Observando que a decisão do receptor será correta quando  , o evento acerto será constituído pela união dos eventos   . Assim a probabilidade de acerto pode ser escrita como
 
 
(5)

Tendo em vista que as regiões de decisão são aquelas indicadas na Figura 2 pode-se reescrever (5) como:
 
 
(6)

onde pr|m(R|m1 ) e pr|m(R|m2 ) são as funções densidade de probabilidade da amostra r dado que foi transmitida, respectivamente, m1 ou m2.. Para a determinação destas duas funções note-se que
 
 
(7)
 

onde s1 = s1 (t0), s2 = s2(t0) e n = n(t0). Note-se também que n é uma variável aleatória Gaussiana de média nula e variância s ², estatisticamente independente da mensagem m. Portanto
 
 
 (8)

Tem-se, então, que
 
 
 (9)

Estas duas funções densidade de probabilidade acham-se representadas na Figura 3 multiplicadas pelas probabilidades P(m1) e P(m2) respectivamente.
 
 

Figura 3 - Ilustração gráfica da regra de decisão