A proposta deste artigo foi reunir e analisar um corpus de dois livros e dois
filmes que tenham tradutores e intérpretes como protagonistas, de modo a
determinar as imagens da profissão que se formam a partir dessas
representações. As obras foram analisadas à luz dos estudos sobre
tradutores e intérpretes ficcionais desenvolvidos por Lawrence Venuti
(2008), Klaus Kaindl (2016), Michael Cronin (2009), Rosemary Arrojo (2018),
Nitsa Ben-Ari (2010) e Dirk Delabastita e Rainer Grutman (2005). Embora a
tradução, tanto a escrita como a oral, seja uma atividade milenar, seus
praticantes permanecem, em grande parte, invisíveis socialmente e pouco
valorizados. A presença de tradutores e intérpretes em filmes e livros, e
também a forma como aparecem em ilustrações e fotos, sem dúvida
contribui para torná-los um pouco mais visíveis e para construir ou
reproduzir imagens públicas da profissão. Consideramos que essas
representações ficcionais, embora subjetivas, interessam aos Estudos da
Tradução na medida em que ajudam no entendimento teórico dos
fenômenos tradutórios, assim como na avaliação de como a tradução e os
tradutores se inserem na sociedade e por ela são percebidos.