O presente artigo possui as características ao mesmo tempo de uma pseu-dorresenha pela liberdade ensaística que o gênero possibilita e de uma re-escrita produtiva em português, emprestando o qualificativo a Berman, dos textos que escreveu em francês no final do século XX. Entendo o texto que apresento aqui para o leitor como uma atividade processual do reescrever que me fez considerar o fato de que as condições de circulação de um texto fazem parte integrante de sua produção. Portanto, as reflexões a seguir apoiam-se em dois textos seminais e inéditos em português de Antoine Ber-man em publicações póstumas: Critique des traductions/John Donne, publicado na revista Poesie em 1992, e o livro Pour une critique des traductions: John Donne em 1995. Com o objetivo de disponibilizar a teoria de Berman sobre a crítica de tradução em língua portuguesa, uso o que chamei de autorresenha que Berman fez sobre o próprio livro, o tornando ao mesmo tempo autor e crítico de si próprio, Pour une critique des traductions: John Donne, isto é, um breve resumo do livro bem como análises detalhadas dos pontos que considerava essenciais à crítica. Divido o texto em três partes, a pré-análise da tradução, o tradutor e o trabalho de tradução, e a análise pro-priamente dita da tradução ou a confrontação, que retomo no final ao propor um esquema do método de análise de tradução para sintetizar os passos da crítica de Berman.