Título: | EU NÃO ENTREVISTO NEGROS: NARRATIVAS (ANTI)RACISTAS, BRANQUITUDE E NEGRITUDE NO CONTEXTO CORPORATIVO | ||||||||||||
Autor: |
CLEIDE MARIA DE MELLO |
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Colaborador(es): |
LIANA DE ANDRADE BIAR - Orientador |
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Catalogação: | 10/FEV/2025 | Língua(s): | PORTUGUÊS - BRASIL |
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Tipo: | TEXTO | Subtipo: | TESE | ||||||||||
Notas: |
[pt] Todos os dados constantes dos documentos são de inteira responsabilidade de seus autores. Os dados utilizados nas descrições dos documentos estão em conformidade com os sistemas da administração da PUC-Rio. [en] All data contained in the documents are the sole responsibility of the authors. The data used in the descriptions of the documents are in conformity with the systems of the administration of PUC-Rio. |
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Referência(s): |
[pt] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=69329&idi=1 [en] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=69329&idi=2 |
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DOI: | https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.69329 | ||||||||||||
Resumo: | |||||||||||||
Esta pesquisa surgiu em 2017, a partir de uma postagem na rede social
LinkedIn no Brasil, feita por um empresário branco denunciando a atitude racista
de um recrutador que se recusou a entrevistar um competente candidato – 32
anos, graduado em TI, inglês fluente e pós-graduado nos EUA – alegando “Não
entrevisto negros”. Essa publicação gerou mais de meio milhão de visualizações
e levantou a questão: de que adianta as/os negras/os se qualificarem se as
empresas não estão qualificadas para recebê-las/os por conta do racismo? De
orientação qualitativa interpretativista, com particular interesse em seu aspecto
social e discursivo, este estudo se propôs a investigar o racismo corporativo,
através da análise de narrativas de três CEOs (Chief Executive Officers ou
Diretoras/es Executivas/os) brancas/os que se engajaram em movimentos pela
Diversidade e Inclusão e, mais especificamente, em movimentos antirracistas,
bem como as narrativas de consultoras/es negras/os e de um representante do
Movimento Negro que, a convite dos empresários, acompanharam essas
iniciativas. Esses eventos discursivos foram transcritos e analisados com o
objetivo de compreender quais crenças e ideologias da branquitude e da negritude
estão em embate no ambiente corporativo, de que forma esses CEOs constroem
seu engajamento nos movimentos antirracistas e como essas narrativas de
engajamento, defesa e atuação pela inclusão racial em empresas emergem,
embasam e fortalecem (ou não) esses movimentos antirracistas. Essas análises
de narrativas foram feitas a partir da metodologia de laminação tripla de
observação, sendo que na primeira lâmina, foi observada a estrutura da narrativa,
na segunda, as interações entre os participantes do evento discursivo e na terceira
as condições sócio-históricas que permeiam o discurso e suas relações e
eventuais tensões entre as esferas micro e macro. Essas lâminas evidenciaram
categorias analíticas que sobressaíram nas falas da maioria dos entrevistados,
como o ponto de virada (ou o momento em que decidiram aderir ao movimento),
a escolha de metáforas auto elogiosas, as performance narrativas que emergem
de suas histórias de vida, a assimetria interacional que faz com que as/os
consultoras/es negras/os se sintam inibidas/os frente aos CEOs e finalmente, os
embates entre as esferas macro, como a lei que criminaliza o racismo na
sociedade brasileira e micro, o racismo corporativo, que impede a entrada de
profissionais negros nas empresas. Por se tratar de uma inusitada estratégia de
resistência ao racismo, historicamente protagonizada pelo Movimento Negro no
Brasil, a análise das narrativas de adesão de CEOs brancas/os, ricas/os e
hegemônicos a movimentos pró-Diversidade e Inclusão, particularmente racial,
sugere que sua motivação para esse engajamento pode vir tanto do “coração” e
sua não-aceitação da insustentável desigualdade racial, quanto das vantagens
financeiras resultantes dessa mesma diversidade e inclusão em suas empresas.
Embora ainda não se possa vislumbrar o fim do racismo, que perdura há cinco
séculos em nossa sociedade, conclui-se que qualquer movimento pró-mudança é
bem-vindo, pois permitirá a ascensão de uma geração de negras e negros que,
até agora, mesmo com qualificação acadêmica e profissional, tem sido
discriminada e mantida fora do mundo do trabalho ou em situação de subemprego.
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