Este trabalho tem como objetivo geral investigar a experiência de pais de crianças pequenas, ao longo do período de isolamento social imposto para contenção da pandemia da COVID-19, e suas repercussões na conjugalidade. Considerando que o período de transição para a parentalidade é definido pela literatura de família e casal como especialmente carregado de desafios para a família nuclear e ampliada, e que os estudos sobre a ótica paterna se encontram em menor número quando comparados aos estudos sobre a díade mãe-bebê, foram entrevistados 10 pais primíparos, das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, brancos, heterossexuais, pertencentes às camadas médias da população. As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas ao método de análise de conteúdo, na modalidade categorial temática. As análises foram realizadas sob a perspectiva sistêmica de família e casal articulada a conceitos psicanalíticos. Os resultados mostraram que o isolamento social decorrente da pandemia foi percebido como positivo para o exercício da paternidade de pais de crianças pequenas, uma vez que aumentou o tempo de disponibilidade de interação pai-filho. Já em relação ao casal conjugal, os resultados mostraram que o isolamento social decorrente da pandemia foi percebido como um fator de estresse sobreposto aos desafios já inerentes ao período.