A matriz energética global precisa passar por uma profunda transformação, de um
sistema baseado em combustíveis fósseis, para um sistema de baixo carbono eficiente.
Dada a importância desta transição, o hidrogênio se apresenta com uma fonte energética
renovável e de alta capacidade para possibilitar este futuro verde. Evidencia-se, portanto, a
importância do desenvolvimento de estudos que contribuam para a análise e otimização
dos processos de produção e formas de uso desta fonte de energia. Assim, este trabalho
consiste em uma revisão bibliográfica exploratória acerca dos pontos fundamentais
relativos à produção e uso do hidrogênio e do seu posicionamento no mercado energético
atual, focando na avaliação do hidrogênio cinza, marrom, azul e verde. Durante a revisão
da literatura, foram levantados dados de emissões em kgCO2eq a partir de avaliações de
ciclo de vida com perímetros de avaliação similares e comparáveis. Ao final do trabalho,
são realizadas simulações da redução relativa de emissões de gases de efeito estufa nos
cenários de produção de energia elétrica e de transporte rodoviário, quando o hidrogênio a
partir de diferentes rotas é utilizado como substituto para combustíveis fósseis. Para o
cenário nacional de geração elétrica, onde 15% da matriz é ainda produzida a partir de gás
natural e carvão, os resultados das simulações indicaram reduções de até 40% da pegada
de carbono do Sistema Interligado Nacional, na substituição de ambos por hidrogênio azul.
No cenário do transporte rodoviário, foram constatados maiores potenciais de ganhos sendo
viabilizados através do hidrogênio verde. Em casos de motores de combustão interna (ICE)
com misturas de hidrogênio verde com gás natural e diesel, até aproximadamente 34% e
31% de reduções foram constatadas, respectivamente, e células a combustível com
membranas de troca de prótons (PEMFC) com hidrogênio verde puro, reduções de até 70%
foram encontradas na comparação com o gás natural. Considerando a falta de
competitividade econômica do hidrogênio verde , os resultados de redução do hidrogênio
azul de ambos os cenários geram otimismo para a sua utilização como um meio de
impulsionar a economia do hidrogênio e já agir agora na descarbonização destes setores.
Os casos que utilizam ICE mistura de diesel + hidrogênio azul e ICE mistura de gás natural
e hidrogênio azul a partir de gás natural apresentaram reduções de emissões em até 18% e
23% respectivamente. Com carros a PEMFC com hidrogênio azul a partir de gás natural
as reduções chegaram a até 48% quando substituem diesel.
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