O objetivo desta tese é desenvolver uma abordagem de
planejamento para atender às necessidades de pequenas
comunidades que privilegiem, antes de tudo, o
aprofundamento dos laços que unem seus membros. Para isso,
procurou-se, inicialmente, analisar o papel do planejamento
na vida humana, buscando-se avaliar as caracterÃsticas mais
adequadas para seu desenvolvimento em situações complexas e
conflituosas que hoje são muito freqüentes, mesmo em
pequenas comunidades. Verificou-se que, entre os principais
requisitos necessários ao planejamento, estão o de
objetivar modificar o ambiente (postura pró-ativa) e o
de explicitar os valores partilhados pelos diversos atores,
valores esses que devem orientar os critérios para a
avaliação das conseqüências de longo prazo das ações. Essas
caracterÃsticas constituem o fundamento do planejamento
adaptativo, que, surgindo como sÃntese entre concepções
rÃgidas e abrangentes de planejamento e o não-planejamento,
procura superar as principais crÃticas a essas abordagens.
Mais especificamente, buscou-se aproveitar, no
desenvolvimento desta tese, conceitos das duas principais
linhas de planejamento adaptativo, denominadas de Redesenho
Normativo de Sistemas e Mudança Não-Sinóptica de Sistemas.
Dessa última, consideraram-se, especialmente, aspectos das
abordagens de Incrementalismo Articulado, Regulação
Apreciativa e Incrementalismo Normativo que são apropriados
à problemática das pequenas comunidades. Em seguida,
abordou-se a questão da comunidade, destacando-se seu papel
como instância capaz de quebrar o isolamento do homem na
sociedade, o que não é objeto nem das alternativas
individualistas, nem das coletivistas. Pesquisaram-se
referências à idéia de comunidade no pensamento social
católico, com ênfase na Doutrina Social da Igreja,
mostrando-se que a comunidade é o lugar privilegiado para a
prática dos grandes princÃpios dessa Doutrina e que a
construção de comunidades de solidariedade é um objetivo
constante, sobretudo em visões cristãs mais recentes. Como
metodologia para o desenvolvimento deste trabalho, adotou-
se a pesquisa-ação, que é a mais compatÃvel com o
planejamento adaptativo. O autor assumiu o papel de
pesquisador em uma comunidade católica, em formação,
denominada de Encontro da Comunicação, da qual participa.
Essa comunidade busca enriquecer o relacionamento entre
seus membros e transmitir esse estilo de vida, que está
baseado nos valores cristãos e em uma comunicação profunda,
a outras pessoas. Partiu-se do pressuposto de que a
incorporação de conceitos de planejamento adaptativo e de
formação de comunidades deveria contribuir para a superação
de muitas das dificuldades comuns a pequenas comunidades,
considerando-se, particularmente no caso da problemática do
Encontro da Comunicação, as expectativas de seus
integrantes. Como resultado desta pesquisa, desenvolveu-se
uma abordagem de planejamento que procura equacionar os
principais problemas dessas comunidades, tais como
as tendências ao fechamento, à formação de facções e Ã
resistência à mudança, estruturando-as de modo a que haja
uma redução dos conflitos que possibilite a construção de
relações autênticas, incentivando-se a negociação e
apreciação e substituindo-se o legalismo por auto-regulação.
A base para a abordagem aqui proposta, testada e aprovada
pelos membros da comunidade em questão, propõe a definição
e redefinição de um futuro desejado, como ponto de partida
para a elaboração e revisão de um plano, a ser implementado
em etapas, que serão, permanentemente, avaliadas. As
principais contribuições deste trabalho decorrem da
articulação dos temas planejamento e pequenas comunidades,
estabelecendo bases, tanto para uma melhor sistematização e
estruturação dessas comunidades, como para tornar realidade
as visões de seus membros, destacando-se formas de
superação dos problemas identificados.
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