A inovação na educação tem sido amplamente mencionada em discursos educacionais, planejamentos pedagógicos e políticas públicas, frequentemente apresentada como uma solução para impulsionar a aprendizagem e melhorar a qualidade do ensino. No entanto, ainda não há uma definição clara e consensual sobre o que significa inovar no contexto educacional, e a ênfase excessiva em programas e discursos muitas vezes negligencia elementos essenciais para o processo de ensino-aprendizagem. Questões como a remuneração justa dos professores, a dedicação exclusiva a uma única unidade escolar, o tempo adequado para planejamento pedagógico, a formação continuada, a infraestrutura física adequada, bem como políticas públicas que garantam a escuta ativa das comunidades escolares são frequentemente deixadas em segundo plano. Esta tese apresenta um estudo empírico realizado na Escola Técnica Estadual Professor Agamemnon Magalhães (ETEPAM), instituição reconhecida internacionalmente como uma das 10 melhores escolas do mundo em 2022 na categoria Inovação no World s Best School Prize. O objetivo da pesquisa é analisar estratégias e procedimentos institucionais adotados pela ETEPAM após a premiação, compreendendo as concepções de inovação da comunidade escolar, o protagonismo juvenil e as práticas de gestão democrática. A inovação educativa é aqui entendida como um conjunto de estratégias e processos institucionais intencionalmente elaborados e acordados pela comunidade escolar, visando modificar práticas para enfrentar desafios educacionais com o objetivo de assegurar a aprendizagem de todos os estudantes. Por meio de um estudo de caso qualitativo, que incluiu observação participante, análise documental, entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários, a pesquisa buscou compreender como as práticas pedagógicas inovadoras, desenvolvidas sob uma gestão democrática, podem ser incentivadas na cultura escolar. Os resultados evidenciam que após a premiação, a ETEPAM passou a implementar uma série de ações institucionais envolvendo gestores, professores, servidores e alunos em direção à inovação. Essas práticas estão relacionadas à integração entre a Formação Geral Básica e Educação Profissional e Técnica, a parcerias com universidades, projetos de iniciação tecnológica com empresas, à adoção de metodologias ativas nas práticas pedagógicas e resolução de problemas concretos do cotidiano escolar, demonstrando que a inovação precisa ser, antes de tudo, um processo coletivo e contextualizado, que emerge das necessidades reais da comunidade escolar e se sustenta em uma cultura de confiança, escuta ativa, autonomia e compromisso compartilhado.