Prever a velocidade do vento de forma acurada é um desafio, uma vez que os ventos locais são influenciados por diferentes fenômenos atmosféricos de pequena, média e grande escala. As mudanças climáticas agravam esse desafio, podendo transformar um parque eólico atualmente produtivo em improdutivo no futuro. Então, para continuar impulsionando o crescimento da participação eólica na matriz energética brasileira, previsões mais precisas para estimar a geração energética são essenciais. Uma alternativa é considerar variáveis climáticas na modelagem. Nesse contexto, este estudo verificou inicialmente a correlação entre as séries de velocidade do vento de cada um dos parques eólicos - Alegria II, Praia Formosa e Ventos de São Januário 19, todos situados na região Nordeste do Brasil - e os índices Tropical Northern Atlantic (TNA) e Tropical Southern Atlantic (TSA), que monitoram as anomalias de temperatura no Oceano Atlântico. Os resultados mostraram que, para os parques Alegria II e Praia Formosa, o TSA defasado em um período apresentou uma alta correlação significativa. Para o parque Ventos de São Januário, a maior correlação foi observada com o TSA defasado em dois períodos. Em seguida, visando capturar os efeitos das mudanças do clima na previsão da velocidade do vento, utilizaram- se esses índices defasados como variável exógena no modelo SARIMAX. A aplicação do teste de Diebold-Mariano revelou que, para o ano de 2023, os modelos SARIMA e SARIMAX apresentaram capacidades preditivas similares na velocidade dos ventos do parque Ventos de São Januário 19, enquanto para os demais parques, o SARIMAX superou o SARIMA apenas no último período de dados, com previsões para os meses de outubro, novembro e dezembro de 2023.