A presente monografia busca refletir sobre as violências simbólicas presentes no cotidiano dos Assistentes de Ligação Comunitária (CLA) na Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (MONUSCO). O objeto central desta pesquisa, os CLAs, são profissionais congoleses contratados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para realizar a mediação entre a população local e os peacekeepers, já que possuem uma expertise linguístico-cultural capaz de (des)conectar essas partes. Desse modo, ao mesmo tempo que os CLAs conectam o local e o global em processos de mediação, eles não impossibilitam que desconexões possam realizadas, uma vez que é necessário de um terceiro para se “comunicar”. Assim, por meio de uma combinação teórica entre a sociologia proposta por Pierre Bourdieu, a virada prática nas Relações Internacionais e os Estudos Pós-coloniais, argumenta-se que o campo transnacional de Operações de Paz funciona como uma assemblagem global, na qual o CLA atua, conscientemente ou não, como cúmplice de um projeto ocidental para a imposição de ideais (neo)modernizantes presentes no discurso da Paz Liberal. A partir da praxiografia, esta monografia faz uso dos manuais escritos pela ONU acerca das “boas práticas” e “lições aprendidas” no emprego desses profissionais, ou seja, a doxa transformada em habitus para esse campo, a fim de refletir como eles sofrem e (re)produzem uma violência de teor colonial em suas práticas profissionais. PALAVRAS-CHAVE