A presente pesquisa científica foi desenvolvida para responder a seguinte hipótese: qual é o lugar do Brasil na geopolítica criminal do tráfico de armas de fogo? Para isto, propomos uma análise voltada para a descrição da estratégia geopolítica das organizações criminosas transnacionais originárias do país e que estão envolvidas neste crime transnacional. Em outras palavras, exploramos as diferentes variáveis que criam as janelas de oportunidade necessárias para a coordenação deste crime transnacional e a forma como o Brasil está inserido no planejamento estratégico dessas organizações. Para isto, este estudo foi dividido em dois capítulos. Em primeiro lugar, mobilizamos um diálogo transdisciplinar entre diferentes literaturas científicas para construirmos um quadro teórico integrado e que relacione a figura do Estado e do Crime Organizado Transnacional (COT) com o campo acadêmico da Geopolítica. Em segundo lugar, vinculamos e aplicamos o diálogo anterior em um estudo de caso sobre o Brasil, onde constatamos que não há como entendermos a sua inserção nesta conjuntura sem compreendermos como ele está inserido em uma estratégia geopolítica criminosa intrarregional e inter-regional do tráfico de armas de fogo. Por fim, concluímos que este país é uma peça indispensável na geopolítica criminal do tráfico de armas de fogo no nível intrarregional e inter-regional, principalmente nas Américas, pois ele está inserido estrategicamente em uma zona de fonte, trânsito e demanda de armas de fogo.