Motivada pelo processo crítico-reflexivo do fazer pedagógico, nesta pesquisa, tenho como objetivo construir entendimentos sobre as reflexões, afetos e crenças sócio-construídos por mim e mais duas professoras em relação aos materiais didáticos de ensino-aprendizagem de língua inglesa, destinados a crianças e adotados compulsoriamente em nossos contextos de atuação. Proponho-me, assim, a analisar a construção discursiva das emoções e crenças docentes em nossas falas, a fim de compreender quais são as implicações da imposição destes materiais didáticos. Para tal, recorro aos pressupostos teóricos do campo da Linguística Aplicada Contemporânea/Crítica, Transdisciplinar/Indisciplinar, em interface com a Prática Exploratória e a perspectiva pedagógica freireana. Os estudos de Narrativas contribuem para a investigação das experiências profissionais, a partir de perspectivas interacionais e socioconstrucionistas. Assim, orientada pelo paradigma de pesquisa qualitativo-interpretativista, realizamos uma conversa exploratória na qual compartilhamos experiências sobre o uso de livros didáticos em nossos contextos profissionais, a saber: escolas pública e privada, e cursos livres de idiomas. Além disso, esta pesquisa se alinha aos estudos sobre Emoções e Crenças Docentes, com o intuito de investigar como nós interpretamos tais experiências, isto é, sócio-construímos avaliações. Este estudo oportunizou uma reflexão crítica acerca da obrigatoriedade de materiais didáticos e das implicações desta imposição na nossa prática pedagógica, colaborando para a qualidade da vida em sala de aula, a partir da ressignificação desta prática. Os resultados indicam que nossa conversa possibilitou: (i) investigarmos quais crenças, relacionadas ao uso do livro didático, emergiram em nossa interação e suas contribuições para a nossa visão de ensino-aprendizagem, bem como (ii) compartilharmos (des)alinhamentos e relações de poder que permeiam esta adoção compulsória, ilustrando emoções de insatisfação, desânimo, frustração, dentre outras.