Educação, diálogo, responsabilidade: o que contam adultos e crianças sobre a vida em comunidade? buscou conhecer histórias, narrativas, práticas e interações de adultos e crianças que participam de escolas que têm em suas propostas a educação em comunidade, para refletir acerca das questões: O que é, para elas/eles, a vida em comunidade?; O que compreendem sobre o conceito de comunidade?; Como se estabelecem as relações nesse contexto?; O que contam sobre suas interações?; Os relatos dos sujeitos da pesquisa dessas diferentes instituições se aproximam? A pesquisa foi realizada em duas escolas particulares, na cidade do Rio de Janeiro: Escola da Luz e Escola da Ciranda1. As duas escolas têm em sua proposta a educação em comunidade. Foram entrevistados 12 adultos, entre elas/eles profissionais das instituições - professoras, coordenadoras e diretores - além de familiares que são membros ativos na Diretoria/Comissão de Pais 2 das escolas. As crianças, estudantes destas escolas, também contaram o que entendem sobre a palavra comunidade em quatro oficinas, duas em cada escola, com as turmas de primeiro e quarto anos do Ensino Fundamental I. As narrativas dos adultos e crianças e o olhar para suas práticas possibilitaram a percepção e entendimento acerca da vida em comunidade para esses sujeitos. Martin Buber é autor de referência para a tese com sua discussão sobre as diferenças entre comunidade e coletividade/sociedade, o debate a respeito de uma educação para a comunidade, relação dialógica e troca genuína com o outro. Walter Benjamin, Mikhail Bakhtin e alguns autores da Sociologia da Infância foram relevantes para a construção das estratégias teórico-metodológicas e a constituição do olhar de pesquisadora. Narrativa, experiência e o olhar de desvelamento da criança foram conceitos importantes vindos de Benjamin; as contribuições teóricas no campo da pesquisa em ciências humanas, além de sua perspectiva da linguagem e enunciado dialógico foram produções importantes de Bakhtin para a elaboração da tese; e também a partir de alguns autores da Sociologia da infância, a pesquisa com crianças foi tema muito debatido. A partir do campo com os adultos emergiram as categorias: disponibilidade para a comunidade, a comunidade tem escuta, os desafios da vida em comunidade, os desencontros e diferenças dentro dessas instituições, o desejo de mudança e comunidade, além das ambiguidades existentes. A comunidade enquanto espaço de estar junto do outro e as diferenças existentes nestes grupos foram narrativas partilhadas pelas crianças nas oficinas, além da comunhão e amorosidade presentes nestes espaços, e o sentido de pertencimento.