Esta tese de doutorado tem como objeto de estudo o ensino de Arte na formação de professores sob a ótica de dez cursos presenciais de Pedagogia da Baixada Fluminense. Busca-se identificar as especificidades que direcionam as práticas artísticas da formação em Pedagogia da região. O recorte geográfico do estudo corresponde aos treze municípios da Baixada Fluminense, região que apresenta pouca visibilidade e diversas defasagens relativas ao campo artístico e educacional. Metodologicamente, são discutidos o quantitativo de cursos, disciplinas e informações coletadas em bancos de dados oficiais do MEC e documentos disponibilizados pelos cursos. Qualitativamente, os dados coletados se dão por meio de 73 respostas a questionários aplicados aos alunos e 13 entrevistas semiestruturadas com quatro coordenadores e nove professores de Arte dos dez cursos analisados. As frentes teóricas fundamentais emergem do campo da formação de professores, baseadas em Gatti e Nóvoa; os estudos do currículo e da didática, nas correntes defendidas por Moreira, Candau, Libâneo, Arroyo e Pimenta; e no campo artístico, a partir dos estudos de Dewey, Barbosa e Martins. Recorre-se também à legislação vigente para o ensino do componente curricular Arte na educação básica, a fim de discutir as quatro linguagens artísticas (artes visuais, dança, música e teatro) previstas por documentos oficiais brasileiros. Associam-se os dados encontrados à produção de conhecimento em Arte na região da Baixada Fluminense pelas pesquisas de Hoffman, Melo, Medeiros, Siqueira, Souza e Souza. A partir das análises, foi possível identificar as práticas artísticas desenvolvidas nas aulas dos professores de Arte e percebidas pelos estudantes dos dez cursos investigados, buscando identificar as características e competências que dimensionam a aprendizagem em Arte dos pedagogos em formação. O contexto do ensino do componente curricular Arte nos dez cursos investigados dialoga com o perfil político, social e econômico da região. Ao longo da investigação, pôde-se constatar que alguns docentes desenvolvem um ensino de Arte que reforça estigmas atribuídos à visão reducionista e instrumental das artes, enquanto outros condenam tais práticas e buscam superálas. Os debates sobre o ensino polivalente e/ou estigmatizado das quatro linguagens artísticas no campo investigado vêm sendo reconhecidos pelos sujeitos da pesquisa, principalmente, pelas condições secundarizadas em que as artes se apresentam nos currículos dos cursos de Pedagogia. Há pouco espaço, tempo, visibilidade e condições para que o trabalho artístico aconteça com qualidade, bem como há questões institucionais e históricas introjetadas na maneira de ensinar Arte para as séries iniciais. Ao levar a discussão para o campo do ensino das quatro linguagens artísticas, os professores polivalentes atuantes nas séries iniciais precisam desenvolver uma dupla polivalência. Isto é, ensinar todas elas, além dos demais componentes curriculares previstos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Conclui-se que, apesar das propostas e tentativas de que essa realidade se modifique, a Arte como componente curricular e área do conhecimento ainda é pouco explorada pelos currículos que formam professores para atuação nos anos iniciais nas escolas. No que tange à contextualização com o local, há certas fragilidades relacionadas a falta de iniciativa em conhecer e consumir as manifestações artísticas locais da Baixada Fluminense. Desse modo, dificulta-se uma possível reversão do quadro identificado sobre o ensino de Arte das universidades até às escolas.