Mercados de energia buscam equilíbrio entre oferta e demanda por meio de mecanismos competitivos, balanceando ofertas de geradores e a demanda prevista para o dia seguinte ou para médio e longo prazos. Por conta da estocasticidade envolvida, é necessário o desenvolvimento de modelos de otimização sob incerteza que garantam o sucesso do planejamento e operação do sistema. Aos reguladores, cabe a elaboração de desenhos de mercado eficazes além do seu monitoramento constante, atualizando suas regras sempre que necessário. No Brasil, a agenda de modernizações do Ministério de Minas e Energia, prevista para a próxima década, tem como um de seus principais desafios a revisão do mecanismo de formação de preços, que passaria a ser por ofertas, em detrimento do modelo atual por custos auditados. Por um lado, as ofertas dos agentes poderão capturar suas próprias percepções de risco e devem incentivar a competição; por outro, facilitam o exercício de poder de mercado por parte dos competidores, o que deve ser mitigado pelo órgão que monitora o mercado. Para tal, faz-se necessária a elaboração de um desenho customizado à realidade brasileira, por conta das peculiaridades de nossa matriz elétrica hidrotérmica e outras especificidades, como as cascatas de usinas hidrelétricas de múltiplos agentes e a crescente penetração de fontes renováveis intermitentes. Nesse sentido, a forma de agregação dos preços da energia tem papel relevante para a mitigação do exercício de poder mercado, e sua relação com os demais elementos do desenho de mercado adotado são cruciais para garantir a competitividade. Outro ponto essencial para garantir o sucesso da competição é, conforme dito, o monitoramento do exercício de poder de mercado pelas autoridades competentes. Uma das ferramentas ex-ante amplamente utilizadas para esse fim são os modelos de equilíbrio, notadamente o Equilíbrio de Nash, cujos conceitos são baseados na Teoria dos Jogos Não-Cooperativos. Nessa abordagem, o comportamento dos competidores é simulado, baseado em sua racionalidade econômica, em busca de um ponto de equilíbrio em que nenhum deles tem interesse em alterar suas ofertas, por não ser possível aumentar sua receita. Por meio da modelagem e simulação do mercado em estudo, é possível calcular tal ponto de equilíbrio e comparar situações em que os competidores têm o poder de alterar suas ofertas para maximizar suas receitas com situações em que eles são induzidos a apresentar ofertas condizentes com seus custos marginais de produção de energia, evidenciando possibilidades de exercício unilateral de poder de mercado. O presente trabalho tem como objetivo investigar o impacto da agregação dos preços em um mercado zonal com despacho nodal no exercício de poder de mercado por parte dos competidores, fazendo uso de modelos de equilíbrio e aplicando a um mercado brasileiro com formação de preço por ofertas. Para tal, será implementado um Equilíbrio de Stackelberg em um problema binível, onde o problema superior visa a maximização da receita do competidor líder e o inferior trata do despacho de energia com a reação dos demais jogadores. O Equilíbrio de Nash será encontrado a partir da implementação iterativa do Equilíbrio de Stackelberg para todos os jogadores e, para tal, será levada em conta a função de Nikaido-Isoda para a atualização das ofertas. A função bilinear apresentada no Mathematical Program with Equilibrium Constraints – MPEC descrito será linearizada pela abordagem de Fortuny-Amat-McCarl, com a substituição do segundo nível por suas condições de Karush-Kuhn-Tucker – KKT. Por fim, o modelo será aplicado a um sistema com dados extraídos do Sistema Interligado Nacional – SIN, permitindo o estudo do impacto da formação de preço zonal e nodal no exercício de poder de mercado.