A presente pesquisa tem como objetivo investigar as influências das famílias sobre as práticas pedagógicas nas escolas privadas de Belford Roxo, procurando identificar se há divergência entre as concepções dos professores e das famílias. A pesquisa se desenvolveu em três escolas privadas, de pequeno e médio porte, autônomas e de prestígio, que atendem, em sua maioria, a classe popular do município de Belford Roxo. A metodologia adotada para a produção de dados foi a de caráter qualitativo, composta em duas etapas: realização de entrevista semiestruturada, com duas professoras e uma coordenadora do Ensino Fundamental I de cada uma das três instituições escolares investigadas, totalizando nove entrevistas; aplicação de questionários para as famílias dos alunos, com perguntas abertas e fechadas, totalizando vinte e um respondentes. Além disso, utilizou-se a página do Facebook de cada instituição, para uma análise documental, em busca de compreender como a comunidade escolar, a família e os professores apresentam suas concepções sobre a lógica de funcionamento da escola. A análise dos dados das entrevistas contou com o método de análise temática. Constatou-se que são escolas privadas que vêm crescendo, em comparação com as da rede pública da região, mas com poucos parâmetros das autoridades governamentais, principalmente no que tange à ausência de dados sobre o desempenho educacional dos alunos. Essas escolas destacam-se como escolas de prestígio para as famílias por oferecerem uma educação de qualidade, de modelo conteudista e tradicional, baseadas no uso de livro didático, cujo foco central da aprendizagem está na memorização, repetição e nos resultados das avaliações. Evidenciou-se que esse formato de ensino possui influências das famílias que pagam a escola e, por isso, acreditam que esse é o melhor ensino para seus filhos. A maioria dos professores possui baixos níveis de formação acadêmica, e não há nenhuma organização por meio da escola para promover um aperfeiçoamento profissional através de formação continuada. Conclui-se que a prática pedagógica é submetida a uma lógica de ensino regulador, acumulativo e tradicional, que inibe a autoria e a criatividade docente, justificada por essas escolas se submeterem às influências do mercado e das próprias famílias. Evidenciou-se que não há grandes desencontros entre as concepções das escolas, das famílias e dos professores no que tange ao processo de ensino- aprendizagem. Esse cenário perpetua-se como um ciclo vicioso de repetição das práticas-pedagógicas tradicionais, com poucos avanços, mantidos, principalmente, pelos limites da formação dos professores, seja inicial e continuada, pela constante influência das famílias, juntamente com a falta de regulação dos governos. Aposta-se na necessidade de novos estudos para a compreensão de como se efetiva o processo de aprendizagem dos alunos no cotidiano da sala de aula, a fim de aprofundar as questões evidenciadas nesta pesquisa.