A História da Igreja é marcada por homens e mulheres que assumiram de forma livre os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, denominados, atualmente como vida consagrada. O Concílio Vaticano II, reconhecendo a necessidade de renovação para comunicar-se melhor com o mundo moderno, estabelece diretivas para todos os estados de vida reconhecidos pela Igreja. Para as pessoas consagradas, tais diretivas estão delineadas principalmente no capítulo VI da Constituição Dogmática Lumen Gentium, no decreto Perfectae Caritatis, dedicado aos religiosos, 33 a 35 do decreto Christus Dominus e 18 e 40 do decreto Ad gentes. Os Padres Conciliares procuraram destacar em tais documentos a essência da vida religiosa, mas, devido à má interpretação e recepção das orientações, algumas comunidades religiosas se viram desorientadas quanto a particular identidade e funcionalidade da vida consagrada para a Igreja. Os documentos pós-conciliares de Paulo VI a João Paulo II buscaram combater a hermenêutica da ruptura, focando no aspecto histórico, existencial e prático, principalmente através da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Vita Consecrata. Bento XVI, ao adotar a hermenêutica da continuidade, seguindo a linha dos Padres Conciliares e de seus predecessores, trata do tema da vida consagrada em diversas homilias, mensagens e discursos. Através da análise de alguns de seus pronunciamentos, a pesquisa pretende sinalizar os pontos de continuidade e temas relevantes para os consagrados, destacando, desta forma, a sua contribuição para o entendimento e aprofundamento da identidade da vida especialmente consagrada.