Esta pesquisa teve como objetivo compreender de que maneira os múltiplos contextos sociais impactaram na construção da trajetória profissional de ex-alunos oriundos das camadas populares de uma renomada IES privada do Rio de janeiro, cujo público, também, é composto por jovens das elites socioeconômicas. Para atingir este objetivo buscou-se identificar: i) de que forma os múltiplos contextos sociais, ao longo da trajetória profissional, inibiram ou habilitaram as relações desses jovens com seu meio tanto na constituição de um portifólio de capitais como nas estratégias (não) intencionais individuais e familiares, bem como nas disposições dos indivíduos; e (ii) quanto à persistência de barreiras que contribuem negativamente para a mobilidade social. Deste modo, este estudo contribui para a discussão acerca da mobilidade social nos estudos em Administração, partindo do pensamento de Pierre Bourdieu frente à distinção gerada pelo condicionamento social e dialogando com pensamento de Bernard Lahire, no afastamento do olhar homogeneizante do habitus. A pesquisa realizada foi de natureza qualitativa, utilizando entrevistas em profundidade com ex-alunos bolsistas de graduação de diferentes cursos. A análise dos resultados revelou que existem barreiras socioeconômicas e culturais que impactaram na trajetória profissional dos jovens bolsistas. Não obstante, a partir da influência dos múltiplos contextos nessas trajetórias, identificamos o desenvolvimento de um portifólio de capitais, resultado de vivências que permitiram o movimento de mobilidade social. Em última instância, os jovens pesquisados, apesar de terem enfrentados obstáculos diversos em suas trajetórias de vida e educacional, lograram obter postos trabalho qualificados que os habilitaram a ascender socialmente.