Na indústria de bebidas, como na grande maioria das indústrias no mundo, as empresas estão estabelecendo diversos tipos de alianças e até mesmo redes de relacionamentos estratégicos - para complementar ou suprir deficiências de seus recursos internos, reduzir riscos e sustentar sua vantagem competitiva. Portanto, é fundamental levar em conta o impacto das alianças e redes, ou seja, adotar a perspectiva relacional nas análises estratégicas destas empresas. Este trabalho tem como objetivo contribuir com as recentes pesquisas em redes estratégicas, visando expandir e complementar os modelos de análise estratégica tradicionais e desenvolver novos construtos pertinentes aos relacionamentos estratégicos e às redes que as empresas estabelecem - focalizando um tipo particular de redes de alianças : os sistemas de franquias empresariais ou franchising. Tem como objeto de estudo a rede de franqueados da Coca-Cola no Brasil, líder no mercado brasileiro de refrigerantes. É importante lembrar que a matriz da empresa central da rede - The Coca-Cola Company - é líder mundial da indústria de refrigerantes, com atuação em mais de 200 países. O estudo desta rede envolveu investigação documental, observação participante e um levantamento tipo survey. No caso deste último, utilizou-se um questionário semi-estruturado para capturar as percepções dos gestores das empresas que integram a rede de franqueados. Os dados foram analisados com base no referencial teórico, fundamentado em revisão da literatura, com auxílio de um ferramental para análise estratégica pela ótica relacional, proposto no âmbito da pesquisa maior na qual se insere este trabalho (Macedo-Soares 2002). Os resultados evidenciam novos subsídios relacionais para apoiar o planejamento estratégico das empresas sob estudo, complementares àqueles identificados por análises estratégicas tradicionais - confirmando a aplicabilidade do modelo de análise e ratificando a importância de se considerar as implicações das alianças/redes na agenda estratégica destas organizações. Dentre estes subsídios, destaca-se a identificação de oportunidades relacionais, associadas à integração dos parceiros da rede, de explorar sinergias no compartilhamento de recursos e custos que neutralizam ameaças tradicionais do macro-ambiente, notadamente as sócio-econômicas.