O intelecto, manifestação da vontade peculiar ao reino animal, de acordo com Schopenhauer, é o produtor das representações, o responsável pela apreensão do mundo pelo sujeito cognoscente. Ele ocupa uma posição secundária, subordinado à vontade e frequentemente empregado nos meios para satisfazer as necessidades impostas por ela. Pelo intelecto o indivíduo é capaz de conhecer e o conhecimento pode ser continuamente modificado na medida em que surgem novas experiências. Não apenas o conhecimento do mundo exterior, mas a consciência de si mesmo é tarefa do intelecto. O caráter individual, inato e imutável, pode se tornar conhecido depois das ações realizadas. Ao observar suas atitudes em certas situações, um indivíduo passa a conhecer seu caráter e a previsão das ações futuras torna-se possível, já que existe a tendência do indivíduo reagir da mesma forma caso o mesmo motivo se apresente. Com o conhecimento da própria individualidade, o intelecto pode formular representações abstratas a fim de direcionar as ações para a utilização de meios diferentes dos que foram empregados anteriormente. Imaginando as consequências para determinados atos, um indivíduo pode agir de outra forma para chegar ao que quer. Diante da impossibilidade de mudança no caráter, o intelecto mostra-se como um fator de grande importância na produção das ações dos indivíduos em seu curso de vida. Busco compreender, neste trabalho, o papel desempenhado pelo intelecto na produção das ações humanas, por sua proporção em relação à vontade ou ao fornecer motivos capazes de direcionar o indivíduo a agir de diferentes formas na busca por seus fins.