O artigo tem por fim analisar a natureza do relato de Timeu no diálogo platônico homônimo. Nesse diálogo, o personagem Timeu faz um relato sobre a gênese do kósmos. Timeu qualifica sua narrativa ora como um eikós mythos ora como um eikós logos. Ao contrário da maioria dos comentadores, acredito que a discussão sobre se a narrativa de Timeu é um eikós mythos ou um eikós lógos muito pouco elucidativa para uma correta interpretação do relato de Timeu e, por conseguinte, para a compreensão do diálogo. Na verdade, acredito que o cerne da questão reside na compreensão do termo eikós. Além de verossímil, o termo eikós pode também significar, por exemplo, apropriado ou razoável. Assim, pretendo demonstrar que a melhor interpretação da narrativa de Timeu é considerá-la um relato apropriado ou adequado. Dessa maneira, na primeira seção vou expor a distinção ontológica entre aquilo que é e aquilo que é gerado. O kósmos como pertence à classe das coisas geradas, foi produzido a partir de um modelo ou paradigma, sendo, portanto uma cópia ou uma imagem.Na segunda seção, pretendo demonstrar que o kósmos por ser uma imagem ou cópia, não pode ser julgado com padrões tão rigorosos como julgamos os itens pertencentes ao âmbito do inteligível. Na verdade, o discurso sobre o kósmos, como qualquer item pertencente à classe dos itens gerados, enseja uma pístis e, por conseguinte, deve ser julgado de modo mais flexível. Por fim, na terceira seção, encerro com a conclusão.