O advento da Carta Magna de 1988 marca a transição do regime autoritário para o democrático, respaldado por um texto consagrador de inúmeros direitos e garantias, os quais foram frutos de uma heterogênea Assembleia Constituinte, que contou com a participação de diversos setores da sociedade. Na seara do direito de família, destacam-se importantes consequências, com a passagem de uma ótica patrimonial para uma concepção mais humanitária, baseada no afeto e na dignidade da pessoa humana – pilares das entidades familiares. Entre as principais consequências, destacam-se igualdade dos gêneros em direitos e deveres (Art. quinto, I), o princípio da afetividade, o tratamento indistinto entre todos os filhos (Art. sexto, 227, parágrafo sexto), a cristalização do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente (Art. 227), o pluralismo, a dignidade da pessoa humana (art. primeiro, III) e do princípio da solidariedade familiar (Arts. terceiro, 226, 227 e 230). Através deste trabalho, busca-se apresentar as principais mudanças alavancadas pela Carta Magna de 1988, as quais estão cada vez mais voltadas a atender a complexidade das relações familiares, as novas demandas e a busca pela realização pessoal dos seus membros.