Começamos com uma pergunta: qual a relevância hoje do tema Deus Criador? O próprio Papa Francisco, em sua Encíclica Laudato si (LS), reconhece essa inquietação. Ele não ignora que alguns, principalmente no campo da política e do pensamento, rejeitam a ideia de um Criador ou consideram-na irrelevante (LS, n. 62). Mas ele destaca, em seu texto, a riqueza que as religiões podem oferecer para a construção de uma ecologia integral e para o pleno desenvolvimento do gênero humano. O Papa afirma que a ciência e a religião, mesmo fornecendo diferentes abordagens da realidade, podem entrar num diálogo intenso e frutuoso para ambas. Ele não ignora que, para transformar a realidade, é necessário, também, recorrer às diversas riquezas culturais dos povos, à arte, à poesia e à espiritualidade – nenhum ramo das ciências e nenhuma forma de sabedoria podem ser esquecidos. Afirma que a Igreja Católica está aberta ao diálogo com o pensamento filosófico, produzindo sínteses entre fé e razão – inclusive nas questões sociais, como bem mostra a Doutrina Social da Igreja (LS, n. 63). Outro motivo importante, segundo o Papa Francisco, para uma contribuição teológica nesse assunto é o fato de que as convicções da fé cristã oferecem aos católicos e, em parte, também a outros crentes, motivações altas para cuidar da natureza e dos irmãos e irmãs mais frágeis (LS, n. 64).