Nesta tese apresenta-se a pesquisa que teve como objetivo investigar a percepção de maridos e filhas a respeito de esposas e mães que têm uma carreira profissional e exercem uma atividade remunerada fora do lar, as possíveis modificações nas atribuições dos homens na família, a forma como as filhas estão vivenciando essas mudanças e a relevância das redes de apoio no ambiente familiar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, para cuja consecução procedeu-se a entrevistas semiestruturadas com quatorze sujeitos – sete maridos e sete filhas (sujeitos independentes) – residentes em uma cidade localizada no interior sul do estado do Rio de Janeiro. A partir da fundamentação teórica e da análise de conteúdo das falas dos sujeitos entrevistados, foram propostas onze categorias temáticas de avaliação. Os resultados apontam que há maior participação masculina na rotina doméstica e nos cuidados com as filhas, mas que a mulher continua a ser a principal responsável por essas atividades, carregando culpa e angústia por não exercer totalmente o que considera suas funções exclusivas. Na percepção dos maridos, houve melhorias no relacionamento conjugal e familiar com a saída da mulher para o trabalho remunerado, além de ser vantajosa sua contribuição na composição da renda familiar. Na concepção das filhas, ter uma mãe que trabalha fora de casa é motivo de orgulho e satisfação, embora se depreendam de suas falas sentimentos ambíguos, como independência e solidão; apesar de os papéis desempenhados por seus pais estarem bem distribuídos, elas elegem a mãe como a principal referência. A relevância das redes de apoio é inferida pela ajuda de familiares nos cuidados com as filhas e de diversos profissionais na execução de tarefas domésticas, além de apoio e cooperação de irmãos e amigos.