A presente pesquisa analisa o contexto histórico de criação e implementação do ensino de Segundo Grau supletivo oferecido pelo Colégio Santo Inácio do Rio de Janeiro, entidade filantrópica pertencente à rede jesuítica de educação durante a ditadura civil-militar no Brasil. O projeto foi destinado ao atendimento de jovens e adultos entre o final da década de 1960 e início da de 1970. Para melhor compreender a criação do curso noturno, fez-se necessário examinar a os registros do colégio que abordavam o ensino supletivo, os documentos do fundo de Memórias do Arquivo Nacional e periódicos digitalizados que se encontram na Hemeroteca Digital. A metodologia empregada na elaboração deste texto foi a pesquisa histórica, com enfoque qualitativo e documental, alicerçadas nos conceitos de contenção e liberação defendidos por Luiz Antônio Cunha em sua obra Educação e Desenvolvimento Social no Brasil, especificamente no quinto capítulo. Os resultados demonstram que curso supletivo do CSI teve como protagonista o Pe. Antônio Carlos de Almeida Angelim, o qual acreditava que a disponibilização do ensino de Segundo Grau para os menos favorecidos era um ato de resistência a uma política educacional excludente que marginalizava grande parte da população brasileira. Por meio desse curso noturno, a instituição buscava integrar a reflexão teológica com a ação social. Como resultado, tanto a escola quanto seus integrantes tornaram-se alvos de investigações por parte dos militares. O padre foi monitorado, obrigado a depor no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e preso dentro das dependências do colégio no ano de 1971. Com esta tese, pretende-se contribuir com o campo da História da Educação, em particular à História da Educação de Jovens e Adultos (EJA), oferecendo perspectivas que auxiliem nas reflexões sobre o seu papel atual no cenário educacional brasileiro.