O desenho materializa parte do pensamento projetado na imaginação, espaço virtual que nos dá a possibilidade de configurar projeções e porventura tomar materialidade no espaço real, tornar ser o vir a ser. Partindo de um referencial teórico que dialoga com o Círculo de Bakhtin, base no LINC Design, e com a abordagem metodológica do Design em Parceria, a pesquisa exploratória, qualitativa e interpretativista, teve como objetivo identificar potencialidades do desenho como linguagem das formas e atividade projetiva para leituras de mundo críticas e criadoras. Apresenta quinze entrevistas em modo de conversas filmadas, oito com profissionais diversos, e sete com moradores da região do Parque Nacional da Serra da Capivara, todos com suas vidas atravessadas pelo desenho. Teve como pressuposto que o desenho pode promover a percepção de linguagem das formas no exercício de grafar-traçar-contornar-configurar-delinear o visto e/ou imaginado, sendo uma atividade projetiva tanto ao imaginar quanto ao desenhar, mediando a criação das formas, linguagem dos movimentos que pode propiciar leituras de simbolizações e codificações locais e hegemônicas, entendendo que cada cultura, conduz as percepções do corpo e suas significações sendo geradora de códigos e gramáticas. Como resultado das conversas, a pesquisa revela o desenho como tecnologia de projeção de ideias, espelhamento do sentipensar, propiciando a percepção do tempo no espaço, refletindo a relação desejo-desenho-desígnio. Situa-se no campo do Design discutindo a serviço de quem estamos desenhando, e no que tange a formação do estudante, pode contribuir para leituras mais críticas e criadoras. Sendo assim, a pesquisa também pode abrir um debate sobre o desenho na formação básica.