Experiência humana própria e profunda, o matrimônio ascende à condição de uma instituição divina por desígnio do Criador, que inspirou os autores sagrados de todos os tempos a se utilizarem da relação esponsal como o símbolo por excelência para descrever Seu próprio relacionamento com o povo eleito. Este simbolismo percorre todos os tipos de literatura, tanto as do AT quanto as do NT, impregnando-os com suas imagens. No NT e em particular nos Sinóticos, Mateus parece ter sido o evangelista que mais captou esta tradição veterotestamentária do YHWH-Esposo e a reproduziu e a traduziu para o Cristo-Noivo. Em sua trilogia nupcial Mt 9,14- 17, Mt 22,1-14 e Mt 25,1-13, Mateus resgata a história da salvação, que culmina com o banquete escatológico final. A perícope Mt 22,1-14 é a que melhor retrata e descortina toda esta história, baseada em uma festa de bodas que o Pai prepara para seu Filho. Pela análise da perícope e seu enquadramento na trilogia, percebe-se como Mateus utiliza a simbologia nupcial para instigar sua comunidade a perceber a novidade trazida pelo Filho do Rei e a necessidade da adesão pessoal a Ele. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica e a análise baseou-se em uma abordagem diacrônica, através do método histórico-crítico.