Esta pesquisa se insere na discussão das reformas educativas e nas reformulações da política educativa que vêm ocorrendo em diferentes países e no Brasil. O trabalho pretende contribuir para essa discussão, ao analisar a atuação da coordenadora com as professoras, no processo de recontextualização da política oficial de Língua Portuguesa do primeiro ano, em uma escola da Rede Municipal de Ensino Fundamental, na cidade do Rio de Janeiro, partindo do princípio de que coordenadora e as professoras são coprodutoras e intérpretes criativas do texto das políticas educativas. A pesquisa tem a seguinte questão: de que forma o coordenador pedagógico comprometido com um projeto pedagógico, em torno do qual empreende suas ações, em conjunto com os professores,pode equilibrar a política oficial (proposta externa) com o projeto da escola (proposta interna). Para fundamentar a análise do processo de implementação da política curricular, utilizo o Ciclo de Políticas proposto por Stephen Ball e colaboradores (Ball et al., 1992) e a teoria de Basil Bernstein (1996), no que se refere ao Modelo do Discurso Pedagógico. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou os seguintes instrumentos: observação das reuniões de Centros de Estudos, Conselhos de Classe e aulas do primeiro ano; entrevistas com a coordenadora, as professoras do primeiro ano e a da sala de leitura; análise documental das Orientações Curriculares e Cadernos de Apoio Pedagógico do primeiro ano. O estudo evidencia que, no processo de implementação da política curricular de Língua Portuguesa no primeiro ano, a coordenadora buscou assegurar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, desenvolvendo os projetos de leitura (proposta interna), juntamente com as professoras, ao mesmo tempo, em que cumpria as determinações da SME (proposta externa), em relação à meta e ao o quê ensinar (conteúdos de alfabetização em Língua Portuguesa). A coordenadora defende e orienta as professoras a direcionarem o trabalho para uma prática de sala de aula com características do modelo de competência, no que se refere ao como ensinar. Esse equilíbrio, entre a proposta pedagógica da escola e a proposta da SME, resulta em um modelo pedagógico misto nos seguintes aspectos: a) em relação ao modelo de competência: a coordenadora defende que as professoras façam intervenções de acordo com a lógica do adquirente, seguindo seu nível de ritmo; b) em relação ao modelo de desempenho: a coordenadora segue as Orientações Curriculares no que se refere ao o quê ensinar no primeiro ano e aos critérios bem definidos para avaliar os alunos.