O ensino da medicina foi e continua sendo um grande desafio em qualquer época do desenvolvimento das sociedades humanas. A premissa que está na origem de todo ensinar é entender o fenômeno, apropriar-se dos conceitos e então ensinar. O contexto cultural, o grau de desenvolvimento, as demandas e os recursos disponíveis são determinantes não apenas do conteúdo, mas também da forma. Se nos primórdios a transmissão era predominantemente oral e contextual, nos últimos dois ou três séculos com o aumento das demandas socais e o avanço do conhecimento foi migrando para as salas de aula abandonando o contexto da prática. Reflexões de pedagogos, educadores, filósofos, psicólogos e neurocientistas lançaram luz sobre os processos de aquisição do conhecimento e os fenômenos envolvidos na aprendizagem. Essas contribuições ensejaram criticas contundentes ao modelo tradicional de ensino de tal modo que nos últimos 40 anos o ensino das ciências e da medicina vem sofrendo mudanças radicais em sua metodologia, passando de um modelo caracterizado pela transmissão passiva de conteúdos para um modelo centrado no aprendiz que se compromete com a construção do seu conhecimento de modo progressivo, integrado e contínuo. Hoje o modelo ativo de aprendizagem está regulamentado por diplomas legais do ministério da educação e deverá ser implantado nas universidades de modo obrigatório em todo país. O presente trabalho discorre sobre alguns aspectos históricos desse tema, apresenta reflexões sobre a superioridade dos resultados com as metodologias de aprendizagem ativa e na sequência propõe atividades contextualizadas para abordagem dos problemas gastrointestinais no ciclo l do curso de graduação e para abordagem da dor abdominal no ciclo ll. No ensejo do módulo gastrointestinal os aprendizes entram em contato com os grandes temas relacionados ao processo saúde/doença partindo dos conceitos que cada um traz consigo. As atividades em grupo e na comunidade vão sedimentar conceitos e insights sobre esse processo, num movimento de crescente granulação do conhecimento. Na etapa seguinte do módulo II, o contato com o paciente com suas múltiplas demandas, o aprendiz vai construindo seu conhecimento, sua biblioteca interna, de modo integrado pois cada caso suscita vários conceitos a serem articulados. O resultado é a apreensão do conjunto dos saberes que com a prática e estudo vão ganhando progressiva nitidez. A avaliação nesse contexto tem um aspecto eminentemente diagnóstico e contempla a aquisição das sete habilidades objeto da graduação.