O poema-canção Construção, de Chico Buarque (1971), obteve inegável êxito na MPB. Para tradutores, revela-se complexo graças a seus versos alexandrinos e ao vocabulário bastante variado, em que se destacam polissílabos proparoxítonos no final de cada verso, que alternam sua posição dentro do texto. Reconhecendo a tarefa de tradução como recriação e reprodução poética, à luz de Tápia (s.d.) e César (2016), este artigo traz uma análise da recriação feita por Wira Selanski em alemão, intitulada Bauwerk. Discutem-se as estratégias utilizadas pela tradutora e os efeitos da sua reprodução poética.
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