O trabalho pretende analisar, decompor e tentar compreender como os mecanismos que atuam no consciente e no inconsciente se articulam e podem induzir a um modo específico e particular de cada indivíduo efetuar escolhas no ato de colocar peças de roupa sobre seu corpo. Procuramos refletir sobre como, nessa comunicação estabelecida através das roupas que vestimos, podem ser perceptíveis cadeias inconscientes de pensamentos, desvendando implícita e explicitamente o sujeito que as veste. Pretendemos compreender, como, num primeiro olhar, podem parecer aleatórias algumas escolhas das peças de vestuário que colocamos sobre nossos corpos, mas, por meio de uma análise cuidadosa, torna-se possível nos depararmos com relações que se vinculam tanto às circunstancias atuais do individuo, como também a um material guardado na pré-história de cada um, tal como nos equívocos da ação, nos atos sintomáticos, nos chistes e nos sonhos. Para tanto, esmiuçamos o trabalho do figurinista, que, na execução de um projeto, faz do corpo do ator, conjuntamente com as peças de roupa que escolhe para vesti-lo, experimentos de construção de sujeitos, viajando em direção contrária, ou seja, tentando construir, tijolo a tijolo, os porquês, conscientes e inconscientes, que resultarão num modo específico de se vestir, e não da mensagem que a roupa já colocada e vestida possa emitir.