É a interação social que nos constitui como sujeitos, dignos de uma identidade própria. Para Vygotsky (1987) o individuo se constrói a partir do contato com o meio social, e aprende internalizando o que lhe foi passado. E é a partir dessas relações que o sujeito vai desenvolver sua língua, suas representações mentais, vai desenvolver-se cognitivamente, construindo sua memória, seus julgamentos e pensamentos. Para esse processo, de troca com o meio, a comunicação é vital, e não basta possuir uma capacidade de comunicar ideias simples ou necessidades momentâneas. Na constituição de uma identidade, é preciso fazer parte de um jogo social, ou seja, pertencer a um grupo, calcado num código comum a seus membros. Esse código é a língua. No caso dos surdos, há uma disputa para apontar a melhor forma para sua comunicação. Existem diferentes abordagens educacionais, algumas buscam normalizar a surdez, outras buscam entendê-la e concebê-la como uma diferença cultural. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é oferecer uma contribuição a esse debate, compartilhando da ideia de que a única possibilidade do indivíduo surdo fazer parte de um código linguístico estruturado é a partir da língua de sinais. Para pensar as diferentes correntes de pensamento utilizarei autores como Behares, Vygotsky, Santana e Lacerda. Estes autores serão o suporte teórico das discussões a respeito da concepção geral de surdez, e sobre qual comunicação deve ser utilizada na educação do surdo – em qual linguagem a aprendizagem deve ocorrer; sempre levando em conta a questão da identidade do sujeito surdo.