A adolescência é, para a psicanálise, um período de intensas transformações e rupturas. A entrada do sujeito na puberdade o marca com mudanças corporais e, concomitantemente, psíquicas, que provocam variadas reações diante no novo tempo que se inaugura e às exigências que se seguem. Se ao nascer o bebê é ainda despreparado para viver e sobreviver sozinho, precisando integralmente do outro, o desamparo que o acomete não se dilui na infância. Ao contrário, o desamparo que se apresenta ao recém-nascido o marca e o segue ao longo da vida, ainda que de diferentes formas, sendo a adolescência um período especial em que este é revivido. O trabalho do adolescente exige o abandono das figuras primárias e infantis e idealizadas e a consequente busca por novos objetos de amor, o que se complexifica com a revivência do Complexo de Édipo nesta época e todo o jogo de forças pulsionais com as quais o sujeito adolescente se vê obrigado a lidar. Neste contexto, no que se refere ao encontro entre o adolescente e o analista, as particularidades da adolescência precisam ser levadas em conta, compreendendo que esta é uma fase da vida que, apesar de turbulenta, precisa ser vivenciada.