O mundo digital veio para ficar. Aceite-o ou condene-o, este novo universo já é uma realidade, cujas consequências se fazem perceptíveis. Questões que outrora eram vistas como partes de uma esfera íntima a ser reservada e fechada por quatro paredes, passam a ser expostas em uma sociedade que preza pela exposição e pela transparência. Desta forma, se multiplicam os reality shows, que mostram o cotidiano banal de outros indivíduos, assim como, as redes sociais, que possibilitam, além do voyeurismo, a participação no mundo virtual. O mundo digital trouxe, portanto, uma gama de possibilidades de comunicação e de novos relacionamentos; neles os usuários podem participar da rede através de curtidas, postagens e comentários. O surgimento das redes sociais possibilitou conversas online ininterruptas, o acesso a perfis de pessoas distantes e uma comunicação velada. Essas redes foram capazes de potencializar alguns sentimentos humanos, como ciúme e controle. Nestas redes, estamos a um clique de distância de qualquer outro usuário, tendo a infidelidade se tornado mais fácil e mais praticada. Da mesma forma, alguns dispositivos e aplicativos digitais permitem o acesso a informações de monitoramento do outro, invisíveis ao olhar alheio. É possível vigiar a vida do parceiro, sem que este sequer descubra que está sendo vigiado. Nunca foi tão fácil trair, mas também nunca foi tão fácil descobrir. Este trabalho aborda as relações amorosas contemporâneas, focalizando em particular o medo da infidelidade, o ciúme e o controle em suas relações com as tecnologias digitais. Os conceitos de sociedade disciplinar e sociedade da transparência embasam teoricamente a análise.