O trabalho buscou apresentar e comparar duas teorias distintas sobre o brincar, elaboradas por Donald Winnicott (1896 - 1971), psicanalista britânico; e por Lev Vygotsky (1896 - 1934), psicólogo nascido na Bielorrússia. Partindo de um viés psicanalista, Winnicott (1975) vê o brincar como uma atividade que ocorre dentro do espaço potencial, ou seja, em um lugar onde se sustenta o paradoxo entre aquilo que foi criado pelo sujeito e aquilo que já existia no ambiente. Essa atividade, para o psicanalista é essencial para a integração do ego infantil, além de auxiliar no manejo das emoções e na construção de relações sociais. Para Vygotsky (1994), o brincar exerce a função da aprendizagem. Para o psicólogo, todos os processos de aprendizagem ocorrem primeiramente no campo social, para depois serem internalizados e transformados em funções mentais superiores. Desse modo, o brincar estimula diversas capacidades como a de abstração e a da criatividade. Os dois autores apresentam como principal ponto em comum a importância que dão às relações sociais para o desenvolvimento do indivíduo, e o brincar é pensado também como um modo de se relacionar com o outro. A partir de estudos recentes sobre o brincar realizados no Brasil pudemos constatar a importância da atividade para o indivíduo tal como pensaram os dois autores, além de observar algumas circunstâncias que ainda dificultam a ação para muitas crianças do país. Ao integrar a Psicanálise de Winnicott e a Psicologia Social de Vygotsky, este trabalho traz um olhar mais amplo sobre o papel do brincar no desenvolvimento do sujeito, mostrando que é possível, a partir destas duas teorias, estudar e modificar a sociedade brasileira atual.