O presente trabalho tem como objetivo pensar o conceito de trauma para a psicanálise com ênfase nas contribuições teórico-clínicas do psicanalista húngaro Sándor Ferenczi. Inicialmente é introduzido o conceito de trauma, assim como a adoção do termo na psicanálise. A partir desse ponto, são apresentadas algumas das principais teorias freudianas acerca do tema. Ao longo de sua trajetória, nota￾se que o fundador da psicanálise prioriza um olhar para a dimensão intrapsíquica para definir o trauma psíquico. Em contraponto, são introduzidas as ideias de Sándor Ferenczi, que focaliza a dimensão interpsíquica, contemporâneo e amigo íntimo de Freud. O psicanalista húngaro foi pioneiro, no campo da psicanálise, ao apresentar uma perspectiva fundamentalmente relacional, valorizando a dimensão da alteridade na traumatogense. Em sua teoria faz um importante resgate da relevância da realidade, isto é, da dimensão material na cena traumática, como aspectos importantes. Sándor Ferenczi ressalta a confusão de línguas e o poder do desmentido na situação traumática. O autor busca, sobretudo, desenvolver um estudo teórico-clínico que promove uma escuta autêntica e sensível. Ao longo dos capítulos, são apontadas semelhanças e divergências entre ambos os autores afim de compreender o lugar do trauma psíquico e para, por fim, se aproximar da importância do conceito na clínica contemporânea.