A compulsiva hiperconexão contemporânea vem agravando dois grandes problemas psicossociais: as bolhas de sociabilidade e a cultura do cancelamento. Em todo o mundo, milhões de usuários, principalmente os mais jovens, experimentam uma necessidade imperativa de estar continuamente conectados; paralelamente, sua existência nas redes sociais mostra-se cada vez mais fragmentada, polarizada e violenta. Nesse cenário, embates e cancelamentos se tornaram corriqueiros, sendo geralmente repletos de insultos coordenados, ameaças e agressões. O cancelamento, portanto, corresponde a um ataque orquestrado e coletivo à reputação de alguma pessoa ou organização, almejando ferir sua dignidade, desencadear transtornos mentais e comprometer seus meios de subsistência atuais e futuros. As bolhas sociais exercem um papel fundamental nessa dinâmica, segregando internautas e retroalimentando discursos de ódio. Adicionalmente, algoritmos digitais agravam ainda mais o quadro de homofilia cognitiva, atiçando a radicalização de posicionamentos, a carência empática e a atrofia intelectual. Este estudo tem por objetivo analisar todas as variáveis que devem ser consideradas nesse processo, relacionando-as entre si e aos efeitos globais observados. A fundamentação teórica do estudo embasou-se nas abordagens e constatações de renomados psicólogos, sociológos, filósofos e outros especialistas.