A drenagem urbana convencional considera o conjunto de estruturas que possuem como função principal o escoamento de água pluvial de forma eficiente e rápida. A falência das soluções técnicas adotadas para os projetos de drenagem urbana demandou uma nova abordagem sobre o tema, o manejo de águas pluviais, com o objetivo de focar o problema das cheias urbanas incorporando a dinâmica social e o planejamento do sistema multissetorial na busca de soluções. Soma-se a esta falência a contribuição irregular de esgoto sanitário que aporta ao sistema de drenagem e, sem tratamento, contamina os corpos hídricos receptores. Os jardins filtrantes são uma das soluções baseadas na natureza (SbN) dentre os sistemas de manejo de águas pluviais, que se tornaram destaque por sua capacidade de reter e tratar as águas pluviais (incluindo possíveis contribuições de esgoto), além de promover a infiltração no solo, contribuindo para a redução de alagamentos e a melhoria da qualidade da água. O local de estudo trata-se do Parque Orla Piratininga, localizado na lagoa de Piratininga, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, onde foi adotado o sistema de jardins filtrantes visando a recuperação do ecossistema local e a promoção do desenvolvimento socioambiental da região, com base em critérios de preservação e proteção do meio ambiente. O funcionamento hidráulico desta solução foi pouco explorado, principalmente sob o ponto de vista de eventos extremos e sob a possível ação de mudanças climáticas. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo uma avaliação do funcionamento do sistema de jardins filtrantes no Parque Orla Piratininga diante de cenários de precipitação intensos, levando em consideração também o impacto das mudanças climáticas, que considerem o aumento da intensidade das precipitações e o nível médio do mar. Nessa circunstância, a metodologia utiliza simulação hidrológica e hidrodinâmica para avaliar o regime de chuvas locais, as mudanças climáticas e o comportamento do nível de água da lagoa de Piratininga, sendo possível simular cenários futuros de funcionamento do sistema. O estudo permitiu corroborar com a resiliência dos jardins filtrantes em diferentes condições hidrológicas, considerando a capacidade de funcionamento diante de cenários que estressam o funcionamento do sistema.