Este estudo se propôs a instigar um questionamento acerca de quais práticas podem configurar uma situação de negligência parental, introduzindo a concepção básica do desenvolvimento infantil sob a ótica psicanalista. A partir da releitura de alguns conceitos elaborados por Winnicott e Bowlby, foram exploradas as repercussões no desenvolvimento infantil da falha do cuidador primário, ao longo da primeira infância, em atender apropriadamente ou com consistência as demandas de nutrição afetiva da criança. Em seguida, foram apresentadas as práticas, por parte das figuras centrais de cuidado, na perspectiva de cada autor, que melhor contribuem para a manutenção da saúde psíquica infantil. Com a consciência de que as ramificações do desenvolvimento referente aos primeiros anos de vida antecipa o bem-estar emocional também do futuro adulto. Por fim, as considerações finais incluíram uma interlocução comparativa entre os universos teóricos winnicottiano e bowlbyano para então sugerir algumas alternativas práticas que possam combatem o problema da negligência de forma mais explícita. A forma com a qual esse tema foi abordado procurou retratar a urgência em torno da conscientização daqueles encarregados do cuidado primário de crianças com relação ao potencial formador ou destrutivo da sua conduta para o processo do desenvolvimento.