Este trabalho visa a analisar a dor psíquica na contemporaneidade, utilizando o aporte psicanalítico. Vive-se, atualmente, numa sociedade marcada pelo hedonismo, no qual impera a obrigação de ser feliz. Neste contexto, observa-se uma mudança nas formas de o indivíduo se subjetivar, em especial no modo em que ele se relaciona com o sofrimento psíquico como algo a ser eliminado. As simples manifestações da dor de viver, constitutivas da espécie humana, parecem intoleráveis nessa sociedade. Devem ser logo diagnosticadas, tratadas e anestesiadas. Nota-se, por isso, um aumento tanto do uso de remédios psiquiátricos quanto dos analgésicos por todos os lados. O que era normal passa a ser patologizado. No entanto, a tentativa de evitar a dor não a fará desaparecer, visto que existe muito sofrimento em torno dessa problemática. Nesse contexto, destacase a depressão como principal reflexo sintomático da época atual , simbolizando o sentimento de vazio daqueles que não encontram sentido algum na própria existência. Nesse cenário, por meio dos estudos de diversos psicanalistas, indicamos a importância da dor psíquica para uma vida com sentido. Nossa premissa é que o sujeito não pode ser concebido sem a dimensão da dor e da angústia. Assim, o presente trabalho levanta a hipótese de que, ao se rejeitar o sofrimento psíquico, aniquila-se uma parte primordial da dimensão da subjetividade . É preciso, sobretudo, elucidar que a intenção deste estudo não significa uma apologia à dor, mas, sim, ressaltar que ela, quando enfrentada, pode deixar de ser um mal para se tornar uma força.